sábado, 1 de junho de 2019

Escritos de Yara - É MOLE OU QUEREMOS MAIS???

Curitiba, fevereiro/2011.

Yara Sarmento

Gentes
Nós, que não nos acreditamos completamente idiotas, não permitamos mais que nos tratem como tal.
Saltemos do esquife! Chega de contemporizações!!! Nós com os outros e os outros, conosco. Vamos às falas!!! Tomemos, com firmeza, as atitudes urgentes e necessárias em favor do coletivo – cada um de nós está no conjunto.
Tendo vivido 7 décadas em turbilhões, frutos de minha displicência, hoje constato, impactada, o fluxo e o refluxo da vida. Girei nos altos; nos centros e nos baixos da roda, complacente comigo e com os outros. Digo e repito a mim mesma: antes tarde do que nunca, vale ter a consciência despertada! Parar pra pensar; prestar real atenção nas pessoas e nas coisas, têm sido uma porta aberta pra rever comportamentos.
Bato na mesma tecla, querendo muito que alguém ouça o som; que pense; que queira conversar sobre estas questões e outras; que se disponha a agir e a reagir.
Temos direitos de cidadania, vamos exigi-los. Temos deveres de cidadania, vamos cumpri-los.
Façamos nosso papel no espetáculo – que está cada vez mais indignante; cada vez mais aterrorizante – da melhor maneira que nos for possível. Se não prestam, cabe a nós todos trocar o diretor e sua equipe. Trocarmos, inclusive, o texto; a encenação inteira.
O cômodo; o covarde; o abjeto “deixa pra lá”, nos está trazendo funestas conseqüências. O Brasil não crescerá plenamente ou crescerá enfermo. Nós não seremos um povo respeitável, se não sairmos – já; se não fecharmos – agora, a cloaca na qual estamos mergulhados: corrupção geral, desenfreada e o pior, por nós chancelada. Nossa ganância sem limites. Governantes; legisladores; magistrados, descarados, em suas mentiras e malfeitos. Nosso egoísmo. Nossa falta de boas maneiras. Nossas cavalices. Nossa indiferença a tudo que não nos diz respeito diretamente. A ausência dos velhos e bons valores, que nos dão prumo; que nos fazem viver, civilizadamente, em sociedade – empurram-nos com rapidez pro “7° inferno”.
Está mais do que na hora de tirarmos a burca, que nos dificulta a visão.
De baixarmos dos nossos delírios. De entrarmos na real. Quem ainda acha “normais” os chocantes acontecimentos cotidianos; os comportamentos de feras com os quais nos deparamos, dia após dia – sem esquecer os que protagonizamos – está afundando na fossa e levando muita gente junto.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
A História das Civilizações, não nos deixa ter ilusões idióticas. O ser humano – na sua essência – é podre. O que “salvou” a espécie; o que ainda pode continuar nos protegendo uns dos outros e de nós mesmo, é a gloriosa capacidade de raciocínio; de discernimento. Usemos-as com fartura.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
As coisas materiais hoje à nossa disposição, estão mais fabulosas que nunca. São monumentais os avanços da Ciência e da Tecnologia.
Se não pudermos usufruir das maravilhas existentes, porque não vivemos em paz no conjunto – elas, pouco ou nada valem. Se não pudermos confiar nem na nossa sombra; se temos medo de tudo e de todos – elas, pouco ou de nada servem.
Pensar. Pensar. Pensar!!! Conversar, conversar e conversar!!! É o que precisamos fazer, agora!!!
Praticamos “coisas” e “loisas”. Pras “coisas”, paciência e muita conversa. As “coisas” são intrínsecas ao ser humano. Se formos radicalizar com as “coisas”, não nos “damos” nem com a gente mesmo. Pras “loisas,” porrada / boca dura como fez Jesus com os vendilhões do Templo.
Repito, chega de contemporizações!!! Nesta vida, aprendamos, há hora pra doçura. Há hora pro esporro.
Não sejamos mais – por omissos; por alienados; por covardes – cúmplices daqueles que sem nenhuma cerimônia, merdeiam nossas vidas; nosso tempo. Não viveremos outra e o tempo não volta.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
Logo mais, em 2012 e em 2014 teremos eleições aos cargos públicos. Em nome do nosso bem-estar - povo brasileiro - mais uma vez, fiquemos atentos.
Vamos manter em nossa memória, que o país necessita - mais que tudo - de governantes e legisladores “ficha limpa”. Que temos a obrigação de saber da existência da Constituição Federal. Cumpri-la e fazer cumpri-la é o dever de todos. Para tanto, seus dispositivos devem ser amplamente divulgados.
Lembremos que nossas vidas estão nas mãos dos políticos.
Aqueles comprovadamente safados, devem ser eliminados da vida pública. Procuremos saber se os candidatos “novos” serão ou não, merecedores do nosso voto.
Isidoro Diniz, meu amigo do coração, diz: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
Pegando a deixa: erro; equívoco é uma coisa, calhordice é outra coisa.
Entre os políticos - há honrosas exceções - “quem menos corre voa”, atrás do que ambicionam pra si; pra sua família e aos de seu grupo. Tudo gira em torno do aparelho digestivo dessas ariranhas. A “carne” que desejam é o dinheiro, fruto do nosso trabalho, que pagamos ao governo por meio dos impostos.
A acirrada disputa por cargos, após as eleições, mostra um panorama que não tem nada de bonito.
Os compromissos assumidos nas campanhas não valem nada?
Pós eleitos, pra muitos, prevalece o eterno: o povo que se lasque!!!
Nunca fui, não sou e muito provavelmente não serei filiada a partido político. Não vejo nenhum deles dar cumprimento ao seu programa. Não vejo muitos deles recusar filiação aos mafiosos. Não vejo muitos deles expulsar de seus quadros, aqueles que desrespeitam o povo.
Com ou sem eleições, por favor, tenhamos compostura.
Prestemos atenção: o governo - nós - financia os partidos políticos; as campanhas eleitorais, inclusive, oferecendo aos mesmos, horário gratuito pra que façam suas falações, no rádio e na televisão.
Como a ânsia pelo poder e suas fantásticas facilidades é sem tamanho, candidatos “catam” rios de dinheiro onde for possível. Como a maioria dos “doadores” não é “arcanjo”. Como na maioria das vezes, esses não têm nenhum interesse pelo país e sua gente, salta aos olhos que o grande propósito de muitos candidatos e financiadores, chegando ao poder, é divertir-se ao máximo, no café da manhã; no almoço; no lanche; no jantar e na ceia, dos predadores.
Fui eleitora e fiz campanhas pra candidatos do Partido dos Trabalhadores - PT. Quando os petistas chegaram ao poder, jogaram no lixo o programa do partido; 20 e tantos anos de discurso, enfim, sua história. “Causa-me espécie” - como dizia minha amiga querida Luciana Cherobim - constatar que pessoas de boa reputação continuam no partido. Que pessoas lúcidas, continuam votando em petistas; continuam engolindo “tudo que está aí”.
Temos que reconhecer que o governo Lula realizou importantes e consideráveis ações e obras em nosso benefício; em favor dos miseráveis; pobres; da população de baixa renda.
Penso que, certamente, teria feito muitíssimo mais; teria atingindo maior número de brasileiros pobres, se não tivesse permitido a deslavada corrupção que marca sua passagem pela Presidência do país. Se não tivesse ignorado as inúmeras denúncias feitas e tivesse punido, exemplarmente, os culpados pelas sacanagens ocorridas; pelos assaltos ao erário público.
O então presidente Lula, teria dado maior dignidade ao seu governo, se não tivesse querido “tapar o sol com peneira”. O eterno não saber sobre o que ocorria à sua volta.
Um antigo ditado popular, ilustra com clareza essa “alienação”: “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”. Por exemplo, “raiva” dos veículos de comunicação que investigam os fatos; se documentam e - cumprindo seu papel – informam; denunciam os corruptores e corruptos; os abusos do poder; as tentativas de soterrar o regime democrático.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, petista, abraçou e bajulou ditadores desprezíveis: Fidel e Raul Castro; Hugo Chávez; Evo Morales; Hosni Mubarak; Mahmoud Ahmadinejad.
Lula e o PT demonstraram simpatia pelas FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo sobejamente conhecido como traficante de cocaína e, terrorista.
“Nunca antes na história deste país”, se viu tanta ganância; tanta falta de respeito pelo povo; tanto engodo.
Dá-lhe teta pública pra tanto “caboco mamadô”!!!
Lembremos que a estabilidade econômica que ora vivemos; o controle da inflação, teve início no governo Itamar Franco com o Plano Real, sendo Fernando Henrique Cardoso - FHC, o ministro da Fazenda. Lembremos que o controle da inflação que ora beneficia o povo brasileiro, foi consolidado no governo Fernando Henrique.
À época, FHC implantou vários programas sociais importantes: alimentação pros pobres; saúde; educação e entre outros, o programa Comunidade Solidária desenvolvido por sua mulher, Ruth Cardoso.
O presidente Lula, felizmente, manteve e fortaleceu a política econômica do governo tucano.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
Integrantes de partidos políticos de oposição durante o governo Lula, ficaram “desmaiados”. Muitos não cumpriram seu dever de fiscalizar os atos do Executivo e, não denunciaram - aos mil ventos - as falcatruas ocorridas.
Nas Casas de Leis, os que se dignaram a se pronunciar sobre a corrupção, o fizeram “entre 4 paredes”. O povo não sabe o que é discursado pelos legisladores, nas sessões plenárias.
Ainda que as rádios e as TVs do Congresso Nacional, divulguem os trabalhos parlamentares, são poucos os que se interessam em sintonizá-las.
Na campanha eleitoral, a oposição “ressucitou” pra naquele exato momento, levar ao público os “podres” dos adversários, muitas vezes, sem fundamento. O propósito único da oposição, foi tirar-lhes voto.
Posicionar-se contra a corrupção gritante do governo petista, não foi o “mote” principal da oposição. De antas que foram, muitos perderam a eleição.
José Serra, o candidato tucano à Presidência, pra não desagradar os milhões de brasileiras e brasileiros apaixonados por Lula; encantados por seu “espetacular e honrado governo”, não defendeu como deveria ter feito – reitero - as muitas ótimas ações, realizadas no mandato FHC, de quem foi ministro.
Serra “engoliu” os ataques de Dilma; as louvações que a candidata petista fez, mesmo ela sabendo sobre a propaganda enganosa e o festival de corrupção promovido pelo governo do qual fez parte.
Serra, se fez de “migué” pra comer doce. Acabou por não comer o pudim de leite e, o Brasil “continua com antes no quartel de Abrantes”. Lamentável pra nós, que o governo petista, agora com Dilma Rousseff, continue um valhacouto.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
As “alianças” que são feitas entre os partidos políticos a propósito das eleições, são chocantes pela variedade de posturas de seus filiados. O que interessa, parece, são só os possíveis cargos públicos que serão “loteados”.
Por que disputam, descaradamente, os ministérios; as secretarias; as empresas estatais com maiores orçamentos?
Como somos atontados, engolimos como água o discurso da “governabilidade”.
Nós elegemos os políticos, acreditando que trabalharão em favor do povo. Não os elegemos, pra que nos sacaneiem.
Penso, que se a proposta de lei beneficia o povo, não há razão nenhuma pra “conchavos”, pra “mensalões”. No caso de que parlamentares queiram “negociar” seu voto; se “atravancarem” os trâmites legislativos, é obrigação moral; obrigação de cidadania, o governante e/ou o propositor do projeto de lei, denunciar - aos mil ventos - a patifaria.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
A presidente da República, mostra que não vai – mesmo – contribuir pro alijamento do exercício político sórdido. Ao contrário, alimenta-o.
Como Dilma não teve argumentos sólidos; efetivamente convincentes pra levar a Câmara dos Deputados à votação consciente, no valor que ela definiu como justo pro salário mínimo, a senhora Rousseff ameaçou.
Ameaçou os partidos aliados, inclusive, o próprio PT com a perda de ministérios e outros cargos. Com cortes de emendas no orçamento da União. Com o fim da possibilidade de chamar integrantes dos mesmos partidos, pra participarem da “festa do bode”.
Dilma e companhia, sem constrangimentos, escancararam mais uma vez o vergonhoso estilo petista de governar.
A submissão de legisladores ao Executivo. As “manobras” que muitos fazem no intuito de obterem benesses umbilicais, são cenas que “seriam cômicas se não fossem trágicas”.
´É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
Considerando-se que muitas das empresas públicas têm sido focos de escândalos; de roubalheiras; de má gestão - somos nós, o povo, que pagamos por toda a roubalheira - a privatização, realizada com critérios éticos, é a melhor medida pro país.
Temos exemplos: melhores serviços; administração profissional; altos impostos que a empresa privada paga ao governo. Com as privatizações acaba, também, o cretino sistema de “cabide de emprego”.
Vejamos: na ânsia pelo poder e suas continentais vantagens, os “esquerdistas” discursam contra as privatizações. Cargos comissionados, ou seja, aqueles chamados “de confiança”, são hoje ocupados por “companheiros” do PT; por pessoas indicadas pelos partidos aliados - principalmente pelo PMDB, que há muito tempo deixou de ser “o MDB velho de guerra”. Muitos desses “companheiros” e indicados, não possuem as qualificações profissionais que os cargos que ocupam, exigem.
Os petistas - pobre Brasil!!! - pelo que temos observado, querem manter-se no poder porque os cofres públicos, sempre reabastecidos com nosso suado dinheiro, garantem-lhes - mais que tudo - ótimos salários. Assim como, muitas oportunidades pra - em pouco tempo e de qualquer modo - ascenderem à classe média média, ou seja, à “burguesia”, e/ou à classe média alta, ou seja, à “elite”.
Querem ascender à essa “burguesia”, tão desclassificada nos discursos da “esquerda” hipócrita. Querem ascender à “elite bandida” que pode ter nível universitário; bom nível cultural; trabalho e remuneração ou pró-labore condizentes com sua formação profissional.
Observemos, que dessa “burguesia alienada” e dessa “elite” tantas vezes rotulada de “canalha”, pertencem pessoas que trabalham duro; que contribuem com seus saberes e fazeres, pro desenvolvimento do país/seu povo.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
Prestemos atenção: parlamentar bandido não tem moral pra representar o povo; legislar; fiscalizar atos do governo. Pessoas calhordas não podem ser paparicadas, muito menos, ocupar cargos públicos, particularmente os de liderança.
Lembremos que os políticos que elegemos pros Poderes Executivo e Legislativo, não estão fazendo favor em trabalhar pra quem lhes garante o polpudo salário, bem como inúmeras e diversas mordomias.
Prestemos atenção: o servidor público, comprovadamente safado, deve perder o cargo. O dinheiro do contribuinte, tem que ser preservado pras ações em nosso benefício - o povo brasileiro.
O servidor público, pago com o dinheiro do povo é nosso empregado. Está no cargo, pra nos atender com civilidade e respeito.
Os servidores públicos têm que lembrar que os “Tonantes” passam. O povo; os usuários; os próprios permanecem. Submetermo-nos à vaidade; à ignorância; às malandragens dos “chefes de plantão”; sermos cúmplices das “ações entre amigos” - ocorrência frequente - é mergulhar no pântano junto com aqueles que não têm decência.
É MOLE OU QUEREMOS MAIS???
Quem estuda História; quem está atento aos acontecimentos passados e recentes do mundo, sabe que a titulação “esquerda”; “centro”; “direita”, hoje, não passa de literatura; de discurso.
A podridão está em todas as “direções”, assim como a ética.
“Esquerdistas”; “centristas” ou “direitistas” - há honrosas exceções - ao conquistar o poder perdem a memória. Esquecem os compromissos assumidos nas campanhas às eleições. Os “capi”, os chefões encastelam-se. Tiranizam o povo. Censuram tudo e todos. Acabam com os meios de comunicação. Transformam-se em monstros sugadores de sangue; do dinheiro público; da dignidade dos governados. Donos do mundo; cheios de gás; exilam; encarceram; torturam; assassinam adversários.
Os chupadores de dedão do pé - mais calhordas ainda - festejam os criminosos; rastejam sobre lixo não reciclável, pra não perder a suculenta teta que é o erário publico.
Muitos, ordinários, defendem os tiranos. Outros, ignorantes sobre os fatos históricos mundiais, defendem; aplaudem as mentiras; as encenações; as canalhices dos ditadores.
A maioria desses “espertos” faz isso tudo - de longe. Não quer vivenciar in loco a opressão; a repressão; a violência; a miséria sofridas pelo povo dos países vítimas do engodo.
O deslumbramento pelo poder, leva muitos a não querer tirar a bunda do “trono imperial”.
Governos ao arrepio das leis. Ditaduras - de que “lado” seja - são foda com espinhos. Sempre!!!

Escritos de Yara - “QUEM MENOS CORRE VÔA”


“QUEM MENOS CORRE VÔA”

A propósito da campanha eleitoral à Presidência da República - 2º Turno/2010.

Yara Sarmento

Curitiba - Paraná


Isidoro Diniz, meu amigo do coração, diz: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Pegando a deixa: erro, equívoco é uma coisa, calhordice é outra coisa.

Entre os políticos - há honrosas exceções – “quem menos corre voa”, atrás do que ambicionam pra si, sua família e aos de seu grupo. Tudo gira em torno do aparelho digestivo dessas ariranhas. A “carne” que desejam é o dinheiro público; o dinheiro fruto do nosso trabalho; o dinheiro que damos ao governo, por meio dos impostos que pagamos.

Fui eleitora e fiz campanha pra candidatos do Partido dos Trabalhadores - PT. Quando os petistas chegaram ao poder, jogaram no lixo o programa do partido; vinte e tantos anos de discurso, enfim, sua história. “Causa-me espécie” - como dizia minha amiga querida Luciana Cherobim - constatar que pessoas de boa reputação, continuem no partido. Que pessoas lúcidas, continuem votando em petistas, continuem convivendo e engolindo “tudo o que está aí.”

Temos que reconhecer que o governo Lula realizou muitas e louváveis ações e obras em nosso benefício, particularmente, em favor dos pobres, da população de baixa renda. Penso que, certamente, teria feito muitíssimo mais, teria atingindo maior número de brasileiros, se não tivesse permitido a deslavada corrupção que marca sua passagem pela Presidência do país; senão ignorasse as inúmeras denúncias e tivesse punido, exemplarmente, os culpados pelas sacanagens ocorridas; pelos assaltos ao dinheiro público.

O presidente Lula, teria dado maior dignidade ao seu governo, se não tivesse querido “tapar o sol com peneira”. Exemplo, o vergonhoso episódio dos “aloprados”, ou seja, petistas fabricando dossiê contra José Serra. O eterno não saber sobre o que ocorre à sua volta.

Um antigo ditado popular, ilustra com clareza essa “alienação”: “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”. Por exemplo, “raiva” dos veículos de comunicação que investigam os fatos, se documentam e - cumprindo seu papel - informam, denunciam os corruptores e corruptos; os abusos do poder; as tentativas de soterrar o regime democrático.

Luiz Inácio Lula da Silva “infla e flutua”, com a fantástica aprovação que seu governo recebe do povo. “Infla e flutua”, com os aplausos que recebeu nos países que visitou.

Felizmente entre nós, os brasileiros, ainda vivem pessoas com noção do que seja ética; com consciência política; com olhos pra ler e ver; com ouvidos pra escutar; brasileiros que não aprovam as “maracutaias” deste mandato petista e, reagem.

Como - pobre Brasil! - somos atontados, engolimos como água os absurdos que Lula diz e faz, no seu trono de deus olímpico.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, petista, abraçou e bajulou ditadores desprezíveis: Fidel e Raul Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Mahmoud Ahmadinejad. Lula e o PT demonstraram simpatia pelas FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo sobejamente conhecido como traficante de cocaína e terrorista.

“Nunca antes na história deste país”, se viu tanta ganância, tanta falta de respeito pelo povo, tanto engodo.

Dá-lhe teta pública pra tanto “caboco mamadô”!!!

Lembremos que a estabilidade econômica que ora vivemos; o controle da inflação, teve início no governo Itamar Franco com o Plano Real, sendo Fernando Henrique Cardoso - FHC, o ministro da Fazenda. Lembremos que o controle da inflação que ora beneficia o povo brasileiro foi consolidado, no governo Fernando Henrique Cardoso. À época, FHC implantou, vários programas sociais importantes: alimentação para os pobres, saúde, educação e outros.

O presidente Lula, felizmente, manteve e fortaleceu tal política econômica e tais ações sociais.

Tenhamos claro, que não foi Lula nem os petistas que descobriram o Brasil em 2003. Nosso país passou e passa por altos e baixos desde 1500, quando chegaram aqui os portugueses.

Dilma Rousseff, candidata de Lula à presidente da República, tem um belo currículo, entretanto, sua vida pública não é assim tão bela.

Segundo notícias amplamente divulgadas na imprensa nacional, seu currículo foi manchado quando nele incluiu, inverdade. Seguindo a escola petista, Dilma, flagrada na mentira, apresentou explicações que só convenceram aos atontados.

Dilma Rousseff, quando ministra de Minas e Energia; quando ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, silenciou sobre os escândalos, os assaltos ao dinheiro público que aconteceram no governo do qual fazia parte, há meses atrás. Dilma participou do governo petista, poderosa, com direito à voz e voto.

Marina Silva, retirou-se do Governo Lula (e depois do PT) – segundo notícias amplamente divulgadas na imprensa nacional – porque quando ministra do Meio Ambiente, viu-se impedida pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de realizar seu importantíssimo trabalho, da maneira que acreditava e acredita, tinha e tem que ser feito.

Lembremos, também, que Dilma envolveu-se no inaceitável “episódio Lina” em 2009. Segundo notícias amplamente divulgadas, Dilma pretendeu dar ordens, à época diretora da Receita Federal, no sentido de que o governo Lula pudesse prestar favores ao senador José Sarney e sua família.

Lembremos, que Dilma deu emprego e total cobertura à uma “companheira”. Segundo as notícias a “amiga” assaltou os cofres públicos no ministério de Minas e Energia no valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). É mole ou queremos mais???

Ainda, Valter Cardeal, amigo de mais de vinte anos da ex-ministra, diretor da Eletrobrás, juntamente com seu irmão Edgar estão sob os holofotes da mídia, em razão de graves suspeitas de assalto aos sofrido dinheiro do contribuinte. Dilma, seguindo a escola do PT, defende a “inocência” dos “espertos”.

Lembremos do escândalo super recente, protagonizado por Erenice Guerra, filhos, marido, parentes, amigos, na Casa Civil da Presidência da República. Sabemos que Erenice foi assessora diretíssima de Dilma, bem como indicada por ela, para ocupar o cargo de ministra-chefe, quando a petista saiu do governo, para condidatar-se a presidente do país.

Ainda obediente à escola petista, Dilma não sabia e não sabe nada sobre a “festa do bode”. Diz a candidata: “é factóide”. “Erenice errou”. Pelo que tudo indica não “erro”, foi uma tremenda calhordice.

Os petistas, responsabilizam a imprensa pelas falcatruas que “companheiros” cometem. A transparência do governo Lula é tanta, que as investigações sobre o “caso Erenice” só serão retomadas após as eleições.

Lula, Presidente de Honra do PT, em nenhum momento exigiu a imediata expulsão do partido, dos “companheiros” corruptos. “Companheiros” que desmoralizaram e desmoralizam o partido e o governo. Onde está a ética, a credibilidade do PT, dos primeiros tempos?

Prestemos atenção, muita atenção: um dos coordenadores da campanha eleitoral de Dilma Rousseff, é Antonio Palocci. O ex-ministro da Fazenda do governo Lula, perdeu o cargo porque, denunciado pelo empregado da casa onde o petista fazia “reuniões” com umas e outros, abusou do poder mandando violar o sigilo bancário do rapaz. Por força de sentença judicial, a Caixa Econômica Federal, indenizou a vitima em R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Palocci sacaneou o moço e nós, que trabalhamos e pagamos impostos ao governo, ficamos com o encargo de ressarcir o moço prejudicado pelo, então, todo poderoso ministro.

Prestemos atenção, muita atenção: José Dirceu, um dos líderes do Partido dos Trabalhadores - PT, quando ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República - segundo notícias amplamente divulgadas na imprensa nacional - comandou o episódio conhecido por “Mensalão” ou seja, a sórdida compra com o dinheiro público, do apoio de senadores, deputados federais e outros safados, aos desejos do PT, às vontades do governo Lula.

José Dirceu, segundo as notícias, é um dos coordenadores - agindo nos bastidores - da campanha eleitoral de Dilma. José Dirceu, cheio de gás, ousou pregar em plena campanha, contra a liberdade da imprensa, que cumpre suas fundamentais funções de informar. José Dirceu, líder petista, quer deletar os meios de comunicação. José Dirceu, quer deletar um dos mais essenciais sustentáculos da democracia.

Considerando-se que muitas das empresas públicas têm sido focos de escândalos, de roubalheiras, de má gestão - somos nós, o povo, que pagamos por toda essa sacanagem - a privatização feita com critérios éticos, é a melhor solução.

Temos exemplos: melhores serviços; administração profissional; altos impostos que a empresa privada paga ao governo. Com as privatizações acaba, também, o antigo sistema de “cabide de emprego”.

Vejamos: na ânsia pelo poder e suas continentais vantagens, os petistas discursam contra as privatizações. Cargos comissionados, ou seja, aqueles chamados “de confiança” são hoje ocupados por “companheiros” do PT; por pessoas indicadas pelos políticos aliados - principalmente do PMDB - do presidente Lula. Muitos desses “companheiros” e indicados, não possuem as qualificações profissionais que os cargos que ocupam, exigem.

Os petistas - pobre Brasil!!! - pelo que temos observado, querem manter-se no poder porque os cofres públicos, sempre reabastecidos com nosso suado dinheiro, garantem-lhes, mais que tudo, ótimos salários. Assim como, muitas oportunidades para - em pouco tempo e de qualquer modo - ascenderem à classe média média e/ou à classe média alta, ou seja, à “elite”.

Querem ascender à essa “elite”, tão desclassificada nos discursos da “esquerda” hipócrita. Querem ascender à “elite” que pode ter nível universitário; bom nível cultural; trabalho, remuneração ou pró-labore condizentes com sua formação profissional - muitos ganham seu dinheiro, honestamente.

Observemos, que dessa “elite” tantas vezes rotulada de “canalha” pertencem pessoas que trabalham duro; que contribuem com seus saberes e fazeres, para o desenvolvimento do país/seu povo e, pagam significativos valores em impostos com os quais os governantes realizam ou não, as promessas que fazem nas campanhas às eleições.

O dinheiro só é “maldito”, quando ganho calhordamente. O que importa é o caráter da pessoa, seja ela pobre, remediada, rica ou bilhionária.

Cabe aos governantes trabalharem, de verdade, para que as oportunidades sejam iguais para todos.

Dilma Rousseff em 2007, declarou-se a favor da descriminalização do aborto (estou de pleno acordo. É uma questão de saúde pública). Em plena campanha neste 2º Turno, a candidata, muito oportunamente, muda de opinião. Por favor, com eleições ou sem eleições, tenhamos compostura.

Aproveito a ocasião, para escrever que defendo a união civil entre homossexuais. É questão de cidadania.

José Serra, o adversário de Dilma Rousseff - como seus partidários e aliados - não é “anjo”, “arcanjo”, muito menos, “querobim” ou “serafim”. Serra, porém, nos cargos públicos que ocupou, realizou ações em benefício do povo brasileiro. Realizou ações e obras em favor dos paulistas.

Queiram, gostem ou não, os petistas, José Serra conhece o ofício de governar, defendendo princípios democráticos.

Nós, os brasileiros, temos nossa vida nas mãos dos políticos, dos que nos governam porque neles votamos.

É óbvio que você votará naquele candidato que sua consciência indicar, mas, tenhamos olhos pra ler e ver, ouvidos pra escutar.

Com nosso voto podemos, mesmo, MUDAR nosso país, agora, através do imprescindível exercício da ética; do respeito ao regime democrático; da defesa da liberdade; da dignidade; da justiça ampla para todos os brasileiros.

Yara Sarmento.

Escritos de Yara - ATAHUALPA - O INCA

ATAHUALPA - O INCA


Yara de Nerea Lima, abril/2013

Esperei Godot e ele não me deu a mínima. Com seu moço não quero mais papo. Vivendo e aprendendo tesoro!!! Como os anos não passam impunemente, malecha que estou no setor da saúde guardei na gaveta, o sonho de conhecer Machu Picchu, Cuzco, Cajamarca, Tiahuanaco e o sítio arqueológico de Sipán / os mochicas do norte. Imensa pena!!!!

Pra não ter perda total fico com o resumo da extraordinária ópera peruana. Fundada pelo espanhol Francisco Pizarro, em 1535 – que adenominou “A Cidade dos Reis” – Lima é surpreendente. Apresenta-nos um festival de enormes árvores seculares e flores em toda parte. Bastante segura– há policiamento ostensivo. À noite, a Força faz suas rondas – e, acreditem limpa.
O trânsito, pé no saco, como em todas as cidades grandes. Na “Pérola do Pacífico”, os táxis não usam taxímetro. Temos que contar com a honestidadedo motorista.
Na sua graciosa contemporaneidade – vivem aqui 9 milhões e 600 mil pessoas. No país, 28 milhões – iguala-se a outras tantas. Por isso mesmo, não me interesso pela Lima moderna. Vim pra vivenciar a História, o legado das várias culturas nativas e o legado espanhol.
A glória peruana está eternizada. Gracias vizinhos, por respeitarem suas tradições, seu passado pleno de estupendos feitos, inclusive pro nosso fascínio.

No 1o breakfast matinal – como brinca Feliciano – na mesa ao lado, pasmem, de corpo presente, Atahualpa – o imperador. Alto, composto com capricho por mamá y papá. Cabelo e olhos negros. Nariz e boca, tais quais se pode admirar nos relevos e pinturas que retratam o Filho do Sol.
Pra maiores emoções vesti-o à moda real andina: saiote, corpete e manto de vicunha bordados com fios de ouro. Peitoral, coroa, narigueira, pulseiras, anéis, brincos e sandálias também de puro ouro. Adornei sua cabeça com penacho nas mais estonteantes plumas coloridas. Quando levantou pra retirar-se firmei, na sua mão direita, o báculo / cetro, de prata maciça. Que figura cariño!!!!
Por 3 vezes pude apreciar o Inca. Numa manhã, quente e ensolarada como todas, ao me cumprimentar sorriu um sorriso triste. Engasguei-me com meu chá de coca. Pressenti que Pizarro, “o Carrasco do Sol” – vide a obra do dramaturgo inglês Peter Shaffer, também levada ao cinema – já com seus galeões abarrotados de ouro e prata havia sentenciado, em Cajamarca, sua execução com o garrote. Pois foi o que aconteceu. O soberano foi despachado desta pra não se sabe aonde, aos 31 anos de idade. Esperei vê-lo no dia seguinte, mas ele nunca mais apareceu.

No Paraná, Oraci Gemba dirigiu essa peça tendo no papel título, Emílio Pitta. João Luiz Fiani fez o Inca. A imperatriz, Neiva Camargo.

Relatam os cronistas, que os governantes andinos foram crudelíssimos. Atahualpa, mesmo encarcerado pelo predador da predadora Coroa espanhola, disputando o trono com seu irmão Huáscar, que reinava em Cuzco, ordenou aos seus homens que a cabeça do parente fosse decepada.
A ganância fez com que os saqueadores do Novo Mundo, guerreassem entre si e dizimassem os povos nativos. Povos que há 10 mil anos a.C., alicerçaram sociedades avançadas em artes, arquitetura, engenharia, organização social, ciências, tecnologias e higiene corporal.
Relatos entregam que os invasores fediam como porcos em decomposição. Verdade seja dita: Bartolomeu de Las Casas, padre dominicano, testemunhando a carnificina obrada por seus patrícios, denunciou-os à sua Ordem. Depois de muito conversê, medidas legais foram tomadas. Não deram basta ao latrocínio, mas refrescaram um pouco o inferno que os espanhóis trouxeram às terras do além-mar.

Estudiosos, considerando imagens encontradas, pensam que esses povos fizeram escola com extraterrestres. As possibilidades são gigantescastesoro!!!!

Num dos cassinos cinematográficos de Miraflores – abertos 24 horas –reencontrei Cleópatra. Volúvel como todos os geminianos que se prezam, agora apaixonada pelos povos dos Andes, não dei muita bola pra egípcia. Desta feita dei preferência às maquininhas, que se ilustram com temas do império que se estendeu do Equador à Terra do Fogo.
Com os pezinhos feitos leques andaluzes dei minha modesta contribuição, com vistas ao resgate do ex-plus ultra poderoso semideus, assim como procederam seus súditos. O espanhol enganador – como fazem os mentirosos – abocanhou o ouro e não cumpriu o combinado, ou seja, libertar o Inca.
Elegantes velhinhas limeñas, perfumadas como la flor de la canela, frequentam em peso, nas tardes, a seção das tragamonedas.

Em Lima, não cai uma única gota de chuva – jamais!!!!
As abundantes águas que dão vida à cidade são fluviais. Da cordilheira – que se eleva a 7 mil metros de altura e começa a 45km da capital – descem 3 rios. Comanda esse departamento, o velho e bom Rímac. No céu, em delicado azul bebê, desfilam poucas e transparentes nuvens. À noite, a lua muçulmana e um tapete de estrelas bordado pelas virgens sacerdotisas da deusa Terra, Pachamama.
Nestes dias de outono, a temperatura oscila entre 20 e 28 graus. O paraíso!!!!

No sábado à tardinha na TV Perú, com plateia, a Orquestra Sinfônica da Rádio Filarmonía tocou a Sinfonia no8 em sol maior, Op. 88, de Antonin Dvorak. Soberba cariño!!!!
As TVs abertas compensam a programação tão ao gosto do “animal de mil cabeças” – como Shakespeare, pela fala de Coriolano, chamava ao povão –mostrando muita música e documentários. Esplendidos, os que ensinam sobre o povo moche de Sipán e sobre o derradeiro império dos naturais da terra.
A DP / de película valoriza, ainda, as estrelas mexicanas maiores. Filmes com o cantor/ator Pedro Infante, homenageado nos 50 e poucos anos de sua morte. A cena de Infante com seu cavalo bailarino, deliciosa. Também, filmes com a argentina Libertad Lamarque e a espanhola Sarita Montiel. Extasiada vi a magnífica Maria Felix, em “Doña Diabla”.
Recuerdos das tardes de domingo em Antonina. Pelmex apresenta.... Como a plateia, lotada, já sabia o momento exato do condor levantar voo, gritava numa só voz: xôôôôôô urubu!!!! Demais!!!!

No hotel, mais que muito ótimo, ao lado da piscina, entre um cigarro e outro, experimento da altíssima gastronomia peruana. O forte: frutos do mar, galinha, porco, cordeiro, batata, milho, cebola, tomate, cogumelos, abacate, tudo acompanhado com ají – chili picante. Os doces, escandalosos!!!!
Bebidas: Pisco Sour / “Perú Flecha” – aguardente de uva. Preparado na sua terra natal é dos deuses. O calor pede uma cerveja gelada. Saborosa, aCusqueña cumpre seu papel. Cruzes cariño, não é que estou ficando cervejeira????
Chicha: refresco milenar preparado com milho amarelo, branco ou roxo. Achicha morada é feita com o roxo e servida gelada. Gosto de fruta suavemente cítrica. Pra muitos de nós é bebida inédita.

A música, contagiante. Chabuca Granda, estrela máxima. Poeta, dramaturga, atriz, compositora e cantora, nos enfeitiça com “Fina Estampa” e “La Flor de la Canela”, entre outras.
As gentes – de todos os níveis – conquistam pela gentileza, pelo sorriso fácil e aberto. Não se vê pessoas sentadas no chão, ou, encostadas na parede pedindo esmola. Existem pobres, sim, mas os que se vê estão vendendo coisas, ou seja, trabalhando.

AS VISITAS

Castelo / Fortaleza Real Felipe: filho de Carlos V e princesa portuguesa, Felipe II foi o mais rico e poderoso rei de seu tempo, até que Elizabeth I da Inglaterra reduziu a pó de bosta, nas águas do Atlântico, sua invencível armada. O monarca carola equivocou-se quando achou que o Deus dos católicos era mais isso e aquilo, que o Deus dos protestantes / anglicanos. O Castelo, um desbunde!!!! Armas espanholas, esculturas dos heróis da pátria e de incas, com suas lanças, punhais, fundas e vestes espetaculares. Destaque pras imagens de Tupac Amaru II / 1572 e de José Olaya, figuras imensas nas constantes e sangrentas lutas pela liberdade.

Os peruanos viveram 3 guerras. Conquistaram a independência em 1821. A proposito de fronteiras, com o Chile de 1879 a 1883. Dizem que foi devastadora pela malignidade dos vizinhos. Em 1941, com o Equador.
Numa das alas da Fortaleza – onde estocavam toneladas de ouro e prata – no meio da preleção da guia, cadete do exército, aos gritos salta o pirata.

A bordo de rico humor, encharcado de rum caribenho, o capitão e seu imediato seduzem os visitantes com suas estórias. No final da encenação vendem, com sucesso, tapa-olho por 2 soles. Ah sim!!!! A moeda nacional é o Nuevo Sol. O astro rei continua sendo reverenciado.

Ali, no distrito de Callao está o Porto. Os galeões, com as riquezas incas seguiam direto pra Cádiz. Isso, se os piratas da perna de pau, do olho de vidro e da cara de mau – da iniciativa privada. Os corsários agiam a soldo dos reis inimigos – não lograssem assaltar os assaltantes, matando-os e afundando seus navios.

La señora muerte observa muito de perto, os que estão nestas bandas. Como o Peru reside no Círculo / Anel de Fogo do tenebroso Pacífico – Placa de Nazca – de tempos em tempos ocorrem erupções vulcânicas, terremotos e tsunamis. O tremor de 1746, seguido de ondas armadas com fúria por Poseidon, provocou o desaparecimento de grande parte de Lima e entorno. A Fortaleza foi reconstruída no vice-reinado de José Manso Velasco / 1747 a 1776.

O Centro Histórico: luxo dos luxos!!!! Na Plaza Mayor, visita-se oPalácio do Arcebispo onde instalaram o Museu de Arte Sacra. O edifício é inacreditável!!! Lima teve o primeiro arcebispado das Américas, no ano de 1546. Das maravilhas expostas destaco: a estátua de Nossa Senhora da Soledad / século 17. O conjunto de esculturas em madeira e cera de abelhas,“o nascimento de Jesus”. Na capela, ouro em pó recobre o altar. Impressiona oquadro que nos dá a conhecer o cardeal Melchor de Linãn y Cisneros, confessor de Isabel de Castela, comandante em chefe da Inquisição. Jovem e belo tem pose real. Seus gélidos olhos negros nos ameaçam com torturas sem- fim.

Catedral de São João Evangelista / 1672 a 1748: os ossos de Pizarro ali jazem, com solenidade. Protetor dos nativos, Las Casas não é sequer mencionado na falação do moço inca, guia fornecido pela igreja. Aqui também gostam de louvar o bandido. Aqui também, políticos corruptos são diariamente denunciados pela imprensa.
Na Catedral o coro, os púlpitos, os confessionários, as capelas laterais, de cedro vindo da Nicarágua, acachapantes em seus relevos.

Plaza Mayor, entre os canteiros decorados com flores amarelas e alaranjadas, uma fonte / 1610. O Anjo da Fama toca sua trombeta no alto da coluna. Nas bordas do repuxo, os espanhóis – cheios de gás – quiseram declarar seu poderio na América do Sul. Esculpiram leões em cima de dragões fêmeas. Esqueceram que o leão era / é o símbolo da arque inimiga Inglaterra. Ilustraram o soberano britânico, altivo, introduzindo seu apêndice no fiofó do rei espanhol, cujo símbolo era o dragão. Percebida a bruta mancada, a fonte deixou de enfeitar a Praça por muitos e muitos anos.

Palácio do governo: foi residência do curaca / chefe inca, Taulichusco. Pizarro passou fogo no dono da casa e dela tomou posse. O dia e a hora do invasor chegou, quando um coleguinha enfiou nele sua espada.
Com seus uniformes em vermelho e branco – cores da bandeira – na troca daguarda ao meio dia, a Banda executou com pomposa coreografia “Fortuna Imperatrix Mundi”/ Carmina Burana, de Carl Orff.

Igreja e Convento de Santo Domingo / 1535: os santos locais, Rosa de Lima – a 1a das Américas e o padre Martín de Porres estão enterrados no Convento. Seus crânios, exibidos na igreja.
Átrios com jardins, varandas, assombrosos tetos esculpidos, afrescos e azulejos de Sevilha.

Praça San Martín: protagoniza a estátua de José o libertador da Argentina, Chile e Peru. Na Praça do Congresso, homenagem a Simón Bolívar libertador da Nova Granada, Venezuela, Colômbia e Equador. Junto com o general Sucre e o argentino, libertador do Peru. Bolívar pertencia à aristocracia venezuelana e era oficial do exército. Perdidamente conquistado pela formosa peruana, Manuela Sanz, com ela casou.
Livres do domínio estrangeiro, Bolívar planejava juntar esses países na Grande Colômbia. Sua pretensão era reinar à moda europeia. San Martín –verdadeiramente republicano – não topou a ideia, rompendo relações com o muito esperto.
Hugo Chávez, surfando nas ondas de seu maior inspirador – povas et povos tenhamos claro, a ignorância é a mãe e o pai de todos os vícios – há anos, já se postava como monarca em Caracas. Se o enganador não tivesse batido com as 10 teria, em algum momento, se aventurado a reinar também na vizinhança???? O “animal de mil cabeças” manteve a coroa, na moleira dopodre de Maduro. O espertalhão, além de desprezar abertamente as leis vigentes, com a maior cara de cimento armado alardeia que ouve mensagens do bolivariano rei defunto, no canto dos pássaros. Hay que joderse tesoro!!!!

Acorda América Latina e trata de estudar História!!!! Que não sejamos leões sobre ninguém, mas muito, muito menos, dragões fêmeas sob estupradores.

Museu da Inquisição: no subsolo da casa, as masmorras. Nas salas, esculturas denunciam as sessões de julgamento e os vários tipos de tortura, com seus respectivos instrumentos. Pinturas descrevem os Autos de Fé –execuções na fogueira, ou, com o garrote, na Plaza Mayor. Condenados, vestindo bata de palhaço demoníaco, carrascos, acusadores, gentes do governo chegavam em procissão. Os padres, no comando, levavam crucifixos e estandartes com santos. A barbárie era assistida por toda a cidade, adrede mente convocada pra tal. Aquele que ousasse não comparecer passava de público a protagonista / 1570 a 1813. Tudo começou com o papa Lucio III e os reis católicos, Isabel de Castela e seu marido Fernando de Aragão.
Com o pretexto de combater o que chamavam de heresias, os cretinos saquearam judeus, muçulmanos, ciganos, adversários da Coroa, da Igreja e a quem mais lhes desse en la gana.

Casa Torre Tagle: mandada construir em 1738 pelo marquês do mesmo nome é considerada um das mais luxuosas da capital. A fachada ostenta balcões fechados, em cedro, no estilo mudéjar / muçulmano e cristão belissimamente esculpidos.

Igreja de São Pedro / 1569: o altar central, em cedro banhado a ouro, demanda aplausos de joelhos. Nos altares laterais, emocionam pela beleza a escultura de Jesus na via crucis, caído no chão. A estátua de Nossa Senhora de La O / século 17 e a imagem do menino Jesus de Huanca, com cabelinho, carinha e traje nativos. Fofíssimo tesoro!!!!

Igreja de La Merced / 1541: formidável fachada criada em granito cinza e rosa.

Na pracinha, estátua do presidente Ramón Castilla que aboliu a escravidão negra / 1858. Vendidos aos brancos pelos chefes das suas aldeias, foram trazidos do Atlântico ao Pacífico em viagens de tormentos miles.
Os africanos, com suas culturas, temperaram a vida peruana. Na música deram saboroso tom e ginga ao valseado. O criollo tem graça e sensualidade.

Casa de Aliaga / 1535: o marquês Gerónimo de Aliaga, amigo de Pizarro, erigiu seu palácio sobre um templo inca. Os descendentes do nobre de Segóvia ainda hoje vivem na casa. A matriarca, doña Olga, linda aos 102 anos, comanda a família e seus negócios. A casa tem mais de 80 dependências.
As obras de arte tornam a visita obrigatória.

Museu do Ouro: acervo do colecionador Miguel Mujica Gallo. Aponto somente as peças pré-hispânicas mais chamativas: instrumentos musicais, múmias paramentadas, soberbos tapetes, cetros, liteiras reais, cerâmicas de vários períodos e objetos de madrepérola.

No Mercado Índio, de um tudo. O éden pra quem delira por compras. Parei pra escutar o rapaz inca que toca flauta de Pã, com 22 tubos de bambu em tamanhos decrescentes. Mestre!!!!

Museu Larco Herrera: imperdível!!! Desde 1926, numa mansão de fazenda edificada no século 18 sobre pirâmide inca, o arqueólogo Rafael Larco Hoyce expõe 4 mil anos das muitas culturas nativas. Ponchos com aplicações de placas de ouro e de prata, crânios trepanados, joias com jade, âmbar, esmeraldas e nácar. Esplêndidas narigueiras, cerâmicas, muitas com cenas cerimoniais de sacrifício. Pinturas espanholas e desbundantes conchas coloridas vindas do Equador (não são encontradas ostras no Peru).
Na sala da arte pré-colombiana erótica, inúmeras peças com o mesmo de sempre e de todos os lugares do planeta. Quem ensinou pra quem os fazeres da paixão???? As cerâmicas mostram que os andinos eram profundos conhecedores do assunto.

Santuário de Pachacámac – o Senhor dos Tremores: a 30km de Lima, passando por atraente praias e dunas, chega-se a este antiquíssimo centro religioso. Os ychsmas / 800 d. C., ocuparam as terras desérticas. Sob a dominação do Inca / 1470 a 1533, o santuário, devidamente irrigado, sediou o oráculo do temido deus. Pachacámac era representado por um totem de madeira, na frente homem, atrás mulher.
Os consulentes de todo o império, em peregrinações, iam saber o que lhes reservava o futuro. Do Templo do Sol, na colina, descortina-se o oceano vestido de azul e o vale do rio Lurín, em estonteante verde.
Ao Palácio Mamacona / Acllawasi levavam as meninas mais bonitas da cidade. Aprendiam a fiar em teares de cintura e a preparar a chicha, distribuída aos peregrinos nas cerimônias. O curaca escolhia umas e outras pro seu harém. Também e principalmente, pro serralho do imperador em Cuzco.
A propósito do ouro que resgataria Atahualpa, Hernando, o irmão de Pizarro invadiu o santuário. Com seus cavalos e suas armas de fogo, desconhecidas pelo nativos, saquearam geral assassinando a maioria das gentes.
Na entrada do sítio arqueológico – imenso, com templos, palácios, avenidas, etc. – simpáticas famílias de lhamas circulam entre os visitantes. No museu, impactantes são as mensagens escritas, em código, que eram enviadas a Cuzco por jovens corredores. Assim eram as cartas incas: cordões de fios atados numa cinta, de cores e tamanhos diversos, com nós colocados em diferentes alturas.
Pelas estradas – cobriam todo o império – os rapazes maratonistas, ao comando do curaca abasteciam, com frutos do mar, a mesa da corte na capital, sediada a 3 mil e 500 metros na cordilheira.

As praias da cidade deitam ao pé de penhascos. A areia, amarela e dura. O Pacífico bate forte. Nesse trecho, as águas são turvas. Hoje, o mar e arredores cobrem-se com uma névoa densa, como a que nos arrepia nos filmes ingleses.

No bairro boêmio de Barranco, fantásticas casas coloniais e antigas foram e estão sendo restauradas. Pode-se conhecer as muitas que são utilizadas, pra todo tipo de comércio. Em Chorrillos, antes aldeia de pescadores, favelas encarapitam-se nos morros de barro.
No centro, frenético, da capital / Miraflores, não acreditando no que estava vendo deparei-me com a Huaca / lugar sagrado Pucllana. Pirâmide erigida entre os 300 e 800 anos d. C., com tijolos fatiados fininhos, na vertical.
No meio de San Isidro, outro bairro sacudido, ergue-se a Huaca Huallamarcatambém em adobe / 600 d.C.. O alto edifício foi decorado com bolas de argila, tal qual arrebites. Ambas do povo lima. Retumbantes cariño!!!!
Com mudas trazidas da Espanha cresceu El Olivar. San Isidro soma às suas atrações esse parque de oliveiras, onde se admira os contornos teatrais das árvores. Ninguém mexe nas azeitonas que pendem dos galhos.

Como ficamos amigos de infância convidei meu motorista – guia, Duilio / Willie, descendente do povo mochica – competente em seus ofícios, hiper gentil, muito divertido e, na ocasião, elegantaço – pra navegarmos no oceano de delícias do restaurante Astrid & Gastón. Indicação da minha prima, a sapeca Fernanda, que por sua vez é chef de cuisine.

Também ao lado de Willie, o Senhor de Sipán, no Junius / Miraflores aprofundei prazeres com a comida típica, com as saborosas músicas e danças em trajes regionais. Na abertura do espetáculo, como se vivo fosse, Atahualpa faz sua entrada triunfal acompanhado de suas mulheres. Vem coberto de ouro da cabeça aos pés. Recita louvores aos deuses e lhes oferece chicha e perfumoso incenso.
Momento eletrizante: a dança das tesouras. Bailarinos acrobatas fazem coisas impossíveis. As tesouras são usadas como instrumentos de percussão, acompanhadas por violino e harpa. A plateia urra!!!!
O som de atabaque tirado do cajón peruano estremece os alicerces.

Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História: plantado numa mansão de fazenda, onde moraram San Martín e Bolívar. Babantes as peças fiadas em algodão, alpaca e vicunha com desenhos espetaculares em cores brilhantes, que resistem ao tempo.
Da ocupação espanhola, muita prata, armas, trajes, pinturas, cilícios e chicotinhos feitos de ferro. Os católicos, à época, merdavam no prato e pra limpar suas sujeiras diante de Deus, dá-lhe autoflagelação!!!! Também os europeus acreditavam que o sangue aplacava a ira da divindade.
Sempre interessante, o ser humano. Preferiam ficar com o corpo em tiras, a não exagerar no pisotear a jaca.

Na mansão, átrio com jardim e varandas decoradas com azulejo sevilhano.

Jamais esquecerei as praças de Lima. Nunca vi tantas e tão lindas numa só cidade.

Triste hora da partida tesoro!!!! No aeroporto Jorge Chávez, um jardim recebe os fumantes, que ali podem comer, beber, papear e dar suas boas pitadas.

Doze dias não foram suficientes, pra que pudesse apreciar tudo o que nos oferece esta terra esplendorosa.

Escritos de Yara - ADIEU!!!!

ADIEU!!!!

À Marlene , duquesa de Montenegro


YARA de NEREA

Puerto Iguazu, fevereiro / 2013


A Capital de todos os paranaenses está mergulhada na Era do Gelo .

Em uma hora , o glorioso verão . O azul .

Atravessamos a ponte . A paisagem é a mesma . As diferenças ficam por conta dos naturais da terra e dos colonizadores .

Deleito - me com o castelhano . Soa melódico , poético , dramático como prelúdios de Debussy .

Já sem relógio , da sacada assisto os rios - Iguaçu e Paraná - entregarem - se num abraço amigo. Vão tranquilos, confiantes . Isso é bom . Sem confiança não existe amizade . Assisto a floresta enquanto fumo . Sim - há apartamentos pros do tabaco . Nossos vizinhos não são pelotudos . Tratam de agradar a gregos e troianos .

Depois de um pisco sour , diante do esplendoroso au revoir de sua majestade - o cassino . Como todos , feérico !!!! Escolho as máquinas com temas egípcios , sem desprezar as que fazem girar bar , bar , bar .... Delícia deliciosa cariño !!!!
Estou em Alexandria . Rogo audiência com a rainha . Pago o pedágio , óbvio . Cleópatra - com voz de deusa - concede - me o encontro : "seja bem - vinda ao meu reino" diz , sedutora . Ordena que todas as luzes sejam acesas e que os músicos iniciem a sessão . À cada toque na tecla - se sou bem sucedida - Isis encarnada , me estimula a prosseguir : "bravo!!!!" "Estou orgulhosa de ti !!!!" "Brilhante !!!!" "Oh my God , double !!!!" "Minha fortuna pode ser tua !!!!"
Os incentivos verbais e os presentinhos entusiasmam . Mesmo sabendo que a senhora do Nilo quer meu dinheirinho, continuo acionando o botão . Absolutamente conquistada , feliz da vida sigo e entrego à soberana tudo que tenho . Alcançado seu propósito , gentilíssima , Cléo agradece a visita e dá por encerrados os trabalhos . Faço respeitosa reverência e , emocionada , balbucio : com sua permissão majestade voltarei amanhã .

Nas terras brasileiras , os hipócritas não querem o jogo jogado legalmente e nós gostamos de tentar a sorte . Haja vista o sucesso das loterias e do jogo do bicho . O fato é que o clandestino resulta mais lucrativo pra muitos . Coisas e loisas de cafajestes.
O governo - sempre sedento por dinheiro - e a sociedade alienada empurram multidões pra fora do país . Penso nos bilhões em impostos que poderiam reverter em ações muito ótimas pra todos . Nos turistas jogadores que chegariam nadando em verdinhas . Nos empregos que beneficiariam milhares . Pros enganadores , bacana mesmo é distribuir bolsa família . Pros espertalhões interessa alimentar a dependência e a ignorância . Os que trabalham que paguem as festas do bode , como pagam todo o resto e ponhamos resto nesta história .

De volta à varanda , uma única estrela preenche o cosmo . Encanto - me com as vozes do jardim , da floresta . Momento perfeito pra saborear uma Quilmes Cristal . Não gosto e não bebo cerveja , mas esta é do peru cariño !!!! À minha esquerda , o Paraguai às margens do rio Paraná . Na frente , além da mata , as luzes do Brasil florão da América , iluminado ao sol do Novo Mundo ! Tomara que um dia seja , pro contentamento geral do povo !!!!
Deixo a porta do balcão aberta - os voadores que picam , não frequentam o ambiente - pra que a calidez da noite embale meu sono .

Acordo na madrugada . A TV apresenta tangos . A música portenha , seus poemas , a dança , primam pela sofisticação . Pela primeira vez assisto uma mulher , jovem , sangrar no bandoneon . A velha guarda canta . Buenos Aires aparece , fascinante como é a Capital Federal ao vivo e em cores .
O programa mostra a cantora idosa saindo de casa , num bairro pobre . Veste um casaco surrado . Com seu cachorro vai à padaria . Pergunta ao atendente : posso pagar amanhã ? A artista que viveu tempos de glória ,
na velhice compra pão fiado . Chocante cariño !!!!

O sol retorna olímpico , como suplicavam os incas aos deuses e eu nem precisei enterrar , vivas , criancinhas e adolescentes . Indescritível o seu reflexo nas águas do rio .
Na grande varanda ( onde se pode fumar ) , delicio - me com empanadas . Um gato negro desfila impávido . Ninguém o incomoda , mesmo porque a maioria lida com seu eletrônico . Poucos conversam entre si . Não carece papo . Comunicam - se , virtualmente , com o universo .

Na festa de seu Momo , cruzaram o rio 154.391 almas . Aforante as que chegaram por dentro . Ingleses , franceses , italianos , japoneses , americanos , indianos , árabes , alemães , holandeses .... Identifica - se os argentinos pela garrafa térmica , cuia e bomba . Dá - lhe mate che !!!! Muitos dos brasileiros , não cumprimentam sequer os empregados . Que fim levou nossa cordialidade ????

Ao lado da piscina , uma goiabeira exagerada . A fruta não desperta interesse no público . Junto - me aos passarinhos . Puxo um galho e colho duas . São da vermelha . Recostada na espreguiçadeira como , sorrindo . Recuerdos de Antonina . Lembro também da cantora idosa , de Proust e penso : adieu temps perdu!!!! Buscá - lo é inútil . À cada dia , como o tempo , a vida passa , portanto , melhor não ficar de bico . É mais excitante , mais divertido levantar na real . Portanto , adieu , adieu , adieu às ilusões idióticas , às farsas , às contemporizações !!!!

Desta feita estou obrigada a perder a imperdível maravilha das Quedas . Imensa pena !!!! Nas horas da chuva chove como no dilúvio , esplendidamente !!!! Contento - me em apreciar ao jantar , no pátio interno - reservado aos fumadores - cascata bordada em prata. As águas , danadinhas , até música compõem .

Notícias : Bento XVI renuncia ao trono . Ratzinger não suportou mais o engodo, o lesco - lesco imperante no Vaticano . Em seguida ao comunicado , dois raios cairam na cúpula da Basílica . Foi um alerta ???? . Somos todos pecadores é certo . Sua Santidade não pode ser , nem permitir delinquentes no serviço da Igreja .
A sorte dos donos das religiões é que, como não nos comportamos bem , estatelamo - nos de pavor do desconhecido . Como não raciocinamos comemos merda achando que é pudim de leite . Como não pensamos caimos em todas as armadilhas .
Quem virá ???? Um cardeal - como tantos outros - que ama pompas e circunstâncias ???? Que ama o poder sobre todas as coisas - ou - alguém que se dá ao respeito e, por isso mesmo tratará de sanear o pântano milenar???? Herdeiro do espírito malígno do pai , o reizinho norte coreano brinca com ogivas nucleares . Como Aslam , o leão de Nárnia fez com Jadis , a Feiticeira Branca , o mundo tem - sem mais delongas - que saltar no seu pescoço : the game is over , boy !!!! A História ensina que não é prudente esperar a ocorrência da hecatombe , pra tomar - se as providências devidas .
Meteorito despenca na Rússia . As pedras que voam girando voltam a beijar a Terra . Olho aberto cariño !!!!

No jardim , ao som do vento tangueio . Tangueio pra uma bananeira que exibe cacho formidável . Entre um passo e outro falo : se Cretina conseguir avacalhar de vez com o país , chorarei por vos Argentina , clamando por decência !!!! Um povo que sai às ruas ; que bate panelas ; que cobre os cabelos com lenços brancos ; que grita ; que exige respeito , não merece as tragédias anunciadas àqueles que se encolhem no silêncio dos cordeiros - ou - se escondem no silêncio esperto das raposas.

Já em casa , entre outras notícias dessas de explodir o tampo da cabeça , a do desastre provocado pela nossa indigência intelectual . O tratamento oferecido à visitante cubana , defensora da democracia , da liberdade de opinião .
Yoani Sánchez - mulher educada , corajosa , inteligente - ainda que declare aplaudir a liberdade que temos pra destratar pessoas , deve estar barbarizada com umas e outros. A ralé da militância partidária " esquerdista ", proporcionou bela imagem do Brasil ao mundo e a nós mesmos .
Com a " liderança " de plantão que temos , estamos e estaremos deitados - eternamente - num monturo de lixo. OBA !!!! VIVA NÓIS !!!! Cariño!!!!

Escritos de Yara - A QUEEN E O ESTRIPADOR

A QUEEN E O ESTRIPADOR


Yara de Nerea

Curitiba, junho / 2013

Elisa e eu, fomos à Inglaterra no início de junho. Londres, o mais precioso diamante dos tesouros britânicos.

A cidade harmoniza-se entre tradições milenares e o plus ultra do contemporâneo.

Dá gosto ver as velhinhas, muito ladys, com seus encantadores cabelos brancos, lépidas e fagueiras por toda parte. Ensinam que o melhor da idade é assumi- la. Que o melhor da vida é debruçar-se nas coisas que cantam ao coração.

Interessantes aquelas ilhas atlânticas. Na medida em que os dias correm ao encontro do verão, a temperatura despenca. Muito inglês, o vento uivante de Miss Emily Brontë corta-nos em tiras. A soturna garoa dos filmes preto e branco passa a fazer parte do programa. Monumental, vibrante, colorida e limpíssima, a cidade não dá ao viajante, motivos pra mau humor.

A enorme frota de taxis - antes, só negros - roda leve e solta, em amarelo van Gogh, azul caribenho, azulão mediterrâneo, verde floresta, nas cores da bandeira com suas cruzes: vermelho, azul, branco e, pra carcá no charme, em bordô ou lilás como os campos de lavanda.

Os prédios, brancos ou de tijolinho à vista, enfeitam-se com vasos de flores. O inglês que falam, com seus Ôs aveludados, anuncia que habitam na monárquica metrópole. Cheios de boas maneiras chegam a desconcertar os que com elas não estão habituados. Vivem na Capital 8 milhões de almas, contando aquelas que vieram das ex-colônias e as que se pirulitaram dos seus países de origem.

Pela quantidade de mulheres cobertas, inclusive com véu, constata-se que a cidade recebe muçulmanos, de braços abertos. Um grupo delas, vestidas de preto, só com os olhos meio de fora criou certo desconforto. As pessoas próximas se entreolharam. O primeiro movimento que vem à cabeça: caiamos fora!!!! Vai que são mulheres-bomba, assassinas / suicidas???? Vai que são homens terroristas???? Tristes tempos. Ignorância dos 2 lados. Elas submissas às leis absurdas e nós, tentando não nos submeter ao medo e ao maldito preconceito.

A TV apresenta partidas inteiras de golfe, tênis, cricket e o jogo com bola que eles inventaram o idolatrado futebol.

Temperados nos rituais druidas. No encanto das fadas e dos duendes. Na opressão romana - que durou séculos - quando a cidade foi Londinium, com Julio César / 54 a.C.. Nas revoltas constantes, uma delas liderada pela rainha celta Boadicea e suas filhas. Vencidas na batalha foram estupradas pela legião e tiveram suas ruivas cabeças espetadas.


Temperados nas magias das sacerdotisas de Avalon. Nas lendas de Camelot. Nas inúmeras outras invasões. Na tomada do país pelos normandos também ferozes. Nas infindáveis conspirações pelo trono. Nas execuções sumárias obradas na temida Torre e fora dela. Na miséria e na imundice do povo, tratado como lixo. Na devastaçãoprovocada pela “peste negra“ / 1348. Nas vontades de Henrique VIII, que fez sua fama pelas mulheres que teve e pelas 2 mandadas ao carrasco. Na Era de Ouro, com a 1o Elizabeth - 1558/1603. Nas tramas teatrais de Shakespeare. Nas bruxarias produzidas em caldeirões sobre fogueiras, como em “Macbeth“.

Temperados nas labaredas do incêndio que destruiu a cidade, em 1666. No nascimento da nova Londres, mais bem traçada, um pouco mais humana.

Temperados na tentativa de implantação da República por Oliver Cromwell, que no poder deu-se à ditadura. Na restauração da monarquia com a dinastia Stuart. Esses, descendentes da católica Maria, degolada por ordem da rainha virgem que não eravirgem (na ópera de Donizetti “Maria Stuarda“, a da Escócia, sabendo que não escapará do cepo, distrata a anglicana prima Tudor, chamando-a de “filha impura de Bolena”. Eletrizante, darling!!!!).

Temperados na dominação de N povos, dos quais sugaram tudo que quiseram e como quiseram. Nos avanços de toda ordem logrados no imperial reinado de Victoria - 1837/1901. No sangue de prostitutas que Jack, o da navalha fez escorrer pelas vielas escuras e fétidas do subúrbio, sem nunca ter sido descoberto pela polícia. Na convivência com fantasmas, fofinhos ou demoníacos. Nos jardins organizados, por cores. Nas artes de seus criadores amantes da beleza. De seus criadores contundentes, perfurantes, cortantes, cínicos, românticos, hilários, conhecedores da natureza humana. Temperados na busca pelo conhecimento. Nos estudos em colégios e universidades projetadas por sua excelência. Nos pensamentos e ações que deram ao mundo, aos trabalhadores, dias melhores.

Temperados na firme disposição de mulheres, que foram ao confronto aberto pela igualdade de direitos e fizeram suas lutas vitoriosas.

Temperados nos tempos da pré-guerra com a Alemanha, quando o rei Eduardo VIII, por amor, renunciou ao trono. Americana, divorciada 2 vezes, com má reputação, Wallis Simpson não preenchia os requisitos protocolares pra ser rainha. A moça teve que se contentar em ser a duquesa de Windsor, o que não foi pouco. Pode degustar, pro restante de sua existência, mordomias e prazeres bancados pelo povo.

A coroa passou pro irmão do ex - rei, o duque de York. Jorge VI, pai da Queen.

Temperados nos horrores das muitas guerras, em particular, na heroica resistência ao nazismo. Nos discursos e atitudes de Winston Churchill. Palavras e atos que atestaram ao mundo em pedaços, a fibra inglesa.

Temperados nas músicas dos Beatles, que mostraram - uma vez mais - o quanto são pioneiros, o quanto se colocam à frente de outros países.

Temperados nas linguiças fritas e no feijão branco ensopado, saboreados no café da manhã. Nos chás de todo instante. No peixe frito com batatas fritas palito, comidas displicentemente com os dedos. Na cerveja, bebida em copos pra halterofilistas, no gin tônica, no scotch, no vinho. Temperados na lucidez, na firmeza, na extraordinária capacidade de gestão de Margaret Thatcher, que libertou o país da esbórnia – os ingleses não brincam nos seus serviços. São competentes nos bons e nos maus fazeres.

Hoje, enquanto outros países estão se estrebuchando, a Inglaterra equilibra-se. A liberdade reinante permite-lhes tudo, até os limites que o senso comum estabelece. Seus corruptos, seus bandidos, não são agraciados com contemporizações. A imprensa os avacalha como merecem e a Justiça os engaiola como tem que ser.

A saúde, a educação, a cultura, a segurança, o transporte coletivo estão - de verdade - entre as prioridades do governo parlamentarista.

Nesta viagem o que ficou por fazermos deu-se graças à malandragem de alguns que, no Brasil, vendem ingressos pro Teatro. Não conseguimos comprá-los com a devida antecedência porque rolou fraude. Os produtores ingleses acharam por bem não reservar lugares pra brasileiros. Ingressos, só por desistência. De lascar, my love!!!!

O QUE FIZEMOS

MUSEU BRITÂNICO / 1759: concorridíssima a exposição temporária sobreHerculano e Pompeia.
Em pleno verão, agosto de 79 d.C., o Vesúvio fez tremer a terra e expeliu coisas e loisas, numa erupção piroclástica que durou 24 horas. Nuvens tóxicas a 400 graus centígrados assaram 1.150 pessoas só em Pompeia. Levas sem fim de pedra pome cobriram, por completo, as duas cidades. Ficaram soterradas por séculos. Quando vieram à luz estavam intactas.

Das impressionantes peças aponto: afresco que nos fala sobre o casal Terentius Neo. Jovens, altivos, becadíssimos pra ocasião do retrato. Conseguiram fugir a tempo? Estão entre os corpos encontrados nas escavações?
Móveis calcinados, utensílios de vidro, joias belíssimas, pratos com alimentos, nos contam sobre uma sociedade próspera e sofisticada.

Em tamanho natural, escultura em bronze de Lívia a mulher do 1o imperador, Otavio Augusto e mãe do sucessor, o tirano Tibério. Encontrada em Herculano, com seu longo drapeado, seus cabelos arranjados em delicados frisos, a pose de dominaintimida.

Na sala com mosaicos e afrescos dos puteiros, o público se acotovelava pra ver as cenas de sexo entre mulheres. Os risinhos denunciaram que a malta adora, mesmo, uma boa sacanagem.

Destaques da Ala Egípcia: como era do gosto do faraó, gigantesco busto de Ramsés II, 19o dinastia / 1270 a.C.. Pedra de Rosetta, estela com decreto do soberano, no ano de 196 a.C.. A escrita em 3 idiomas, incluindo o grego, permitiu que Champollion decifrasse os hieróglifos, em 1822. O francês deu a conhecer ao mundo aquela soberba civilização. O gato sentado, em bronze, negro luzente, com argolas de ouro nas orelhas e no nariz / 600 a.C.. O bichano dá de 10 a 0 na nossa modernidade. E, of course, as mil e 12 desbundantes múmias, com ou sem sarcófago.

Ala Grega: Péricles / 5o século a.C. encomendou a Fídias frisos que engalanassem o templo / Parthenon, dedicado à filha dileta de Zeus, deusa da sabedoria e patrona da cidade. Da Acrópole de Atenas a Londres foi um pulo, a bordo de céleres navios ingleses, sob o comando de Lord Elgin. Temo que não haja pulo de volta pras magníficas esculturas. Ainda mais agora que o berço da civilização desciviliza-se, com as peripécias de governos corruptos e irresponsáveis.

Alas de Micenas e Creta: estonteantes peças em cerâmica, ouro, mármore. A coleção de peças da cidade atrida, nos faz pensar em Clitmnestra, a rainha, envenenada por seu ódio a Agamenon. O rei, ganancioso, de olho gordíssimo nas riquezas de Troia permitiu o sacrifício da filha Ifigênia.

Afrescos ilustrando jogos de rapazes cretenses, com touros. Tema que nos remete a Teseu, à princesa Ariadne, ao novelo do fio condutor no labirinto, ao Minotauro devorador de meninos e meninas atenienses.

Alas Etrusca e Romana: ferramentas, armas, jarras, copos e vasos de vidro, esculturas em alabastro de imperadores e suas poderosas mulheres. Profusão de joias em desenhos magistrais.

A TORRE DE LONDRES: construída em 1066 por Guilherme, o Conquistador. Quando transformada em prisão, converteu-se em tenebroso pesadelo aos que caiam em desgraça. Os condenados chegavam de barco pelo Tâmisa. Entravam, pra sempre, pelo Portão dos Traidores. Muitos inocentes sofreram a agonia de antever a cela, o cepo, o carrasco e seu machado afiado.

Hoje, distantes daqueles tempos, nem os corvos que residem no recinto e voam livres de um lado a outro são sinistros. Grupos de atores, com figurinos de época, estatelam o turista interpretando os que mandavam matar e os pré-mortos. Muito inglês,sweetheart!!!!

A Guarda da Torre, os Beefeaters, impecavelmente uniformizados. Gentis e sorridentes prestam-se a posar pra fotografias.

Num dos edifícios, bem dentro das muralhas, pousa o tesouro da Queen. De um tudo!!!! Só as coroas com seus diamantes e outras miles pedras preciosas, estimulam os mortais a perguntarem: que que é isso, gaiteiro de fole!!!! As vitrines explodem embeleza. O cetro ostenta o Cullinan I, diamante com 530.2 quilates/ “A Estrela daÁfrica“. Oceano de luzes foi lapidado pro rei Jorge V / 1910, vovô de Elizabeth.

O manto da coroação, bordado a ouro, nos faz pensar na túnica do rei Salomão exibindo-se pra Belkis, a rainha de Sabá. Nos banquetes usam uma poncheira esplendidamente trabalhada, nos seus 248k de ouro.

Se a Queen e o 1o - ministro David Cameron resolvessem doar o que a Torre guarda, não haveria fome no planeta por um bom tempo. Como nem o Vaticano é besta de distribuir seus tesouros, Lilibeth – Tonico conta que os íntimos assim a chamam - também não dará a ninguém, o que pertence ao Reino Unido. Sábia decisão, principalmente, em se tratando de ditadores africanos que enfurnam fortunas em paraísos fiscais, assistindo de camarote, há anos, seus governados morrerem à mingua.

PASSEIO DE BARCO PELO TÂMISA: enquanto o Danúbio, o Elba, o Ebro subiam e devastavam geral, o rio inglês seguia seu curso sem lances dramáticos. Às margens, a Londres apoteótica, com o Parlamento, o Big Ben luzindo / 1859, as cúpulas das igrejas, as pontes, um sem número de monumentos de extrema beleza.

A RODA GIGANTE / LONDON EYE: muito bem posta ao lado do rio, ergue-se a 135 metros de altura. Trinta e duas cápsulas transparentes do piso ao teto deixam apreciar 40 km do serpentear do rio e entorno, em 30 minutos de lentíssimo giro. Elisa embarcou, encantada, na fantástica estrutura. Minha centenária acrofobia, não me autorizou a usufruir do panorama visto da roda. Enquanto aguardava, pra compensar, o Relógio brindou-me com 12 badaladas eloquentes.

ALMOÇO NA FORTNUM & MASON / 1707: loja especializada em coisas pra casa. A secção de comes e bebes, uma tentação tal qual a maçã do Éden. O salão de chá e o restaurante servem ao Olimpo.

JANTAR NO HIBISCUS: comandado pelo chef Claude Bosi, ostenta 2 estrelas no Guia Michelin. Em 3 horas de delícias comemorei meus 73 anos. Perfeito!!!! Não sei se haverá aniversário no ano que vem.

GALERIA NACIONAL: pela Trafalgar Square, com seus gigantescos leões, suas fontes e a impoluta Coluna de Nelson, adentra-se no templo onde cada obra é um altar. Emocionei-me com “A Cadeira“ de Vincent van Gogh. Vazia no quarto vazio chora a solidão do pintor. Sua ânsia por afeto. A cadeira amarela espera seu irmão Theo, o amigo Gauguin também pintor, uma mulher que o atormentado holandês pudesse chamar de sua?

Paul Delaroche registrou episódio histórico dos mais chocantes “A Execução da Lady Jane Grey“. Aos 17 anos, usada por conspiradores foi rainha por 9 dias / 1553. Depois dela, recebeu a coroa Mary Tudor, filha de Henrique VIII e da espanhola Catarina de Aragão, repudiada porque o rei mulherengo caiu de paixão por Ana Bolena. Católica, Maria sangrou sem compaixão a Inglaterra protestante. As cabeças que rolaram inspiraram aos gozadores ingleses, o drink Bloody Mary. A bebidinha Maria Sanguinária - vodka, suco de tomate, gelo, molho picante e gotas de limão. Adorna o copo, rodela do mesmo - é uma das preferidas. Os ingleses, como ilustra Agatha Christie são doidos por saber sobre e por desvendar assassinatos. Excitante exercício, my dear!!!!

MUSEU DE CERA MADAME TUSSAUDS / 1835: mais de 300 figuras históricas e de celebridades. Na entrada, o povaréu desagua no red carpet. Uma massa de paparazzicega a malta com seus flashes. Todos abrem seu melhor sorriso. A exposição, de 1o qualidade. Derradeira atração: câmara dos horrores. Os malditos e seus feitos macabros estão naquele corredor, interpretados por convincentes atores. Breu total. Avança-se porque atrás vem gente. A gritaria é ensurdecedora. Os quadros vivos são tão horripilantes, que temos certeza de sentir sangue esguichando de todos os lados. Aquele medaço gostoso quando, no final, o terror é Teatro.

FEIRA DE ARTES VISUAIS DA BAYSWATER ROAD: nos domingos, artistas das ilhas mostram seus trabalhos. Quadras de talento. Elisa comprou um campo de lavanda - puro sonho - da simpática irlandesa Maria O’Neill. Eu, pra essa menina Gisele que faz aniversário, com um casal enamorado que passeia na praia. Jan Wenczka, nos faz desejar estar naquele cenário, onde a lua branca paira no fim das águas.

ALMOÇO NO THE SWAN / 1721: famoso por força de escândalo político ocorrido outrora, esse pub concentra quase que exclusivamente os naturais da terra. Fatias de suculento roast beef incrementadas com molho bronze, batatas, cenoura e ervilhas. Como a vida é bela e ainda podemos: pudim de chocolate com creme. O bicho, sisters and brothers!!!!

A partir das 17 horas, a inglesada vai pros pubs. Não tem importância se não há mais lugares dentro. Nos dias de pré-verão, a turma reúne-se nas calçadas, em pé. Papos animadíssimos, debates acalorados e gargalhadas, discretas, of course!!!!

HYDE PARK / 1536: na cidade dos parques, esse é máximo. O 8o Henrique o elegeu como seu local favorito às caçadas. Vejo o rei et caterva à cavalo, com dezenas de cachorros perseguindo os belos animais da floresta. O príncipe consorte e primo daQueen, Philip / duque de Edimburgo dizem, deleita-se com a caça ao faisão.

Os ingleses amam cachorros, cavalos, gatos e cisnes. No parque encontra-se gentes às pencas com seus amores. Fazendo pic-nic na grama bem cuidada, cavalgando com muita elegância e, à beira do lago, assistindo as aves brancas e negras dançando suavemente.

ABADIA DE WESTMINSTER: construída no ano 960 foi mosteiro beneditino até 1540, quando o rei das 6 mulheres rompeu com a Igreja de Roma.
O 1o rei a ser coroado na Abadia foi Guilherme, o Conquistador / 1066. Estupenda, coalhada de obras artísticas é cemitério e memorial às rainhas, reis e personalidades históricas. Desde 1308, a unção do/a monarca é procedida com a criatura sentada na Cadeira da Coroação. De madeira, imponente, se faz acompanhar - embaixo do assento - pela Pedra de Scone. Dizem que se trata de pedaço de meteorito. A pedra caída das alturas, impregnada de mistérios siderais confirma o poder àquele que ocupa o trono.

E II R, ou seja, Elizabeth 2o Regina foi coroada - 1o transmissão de TV, em tais eventos - em 1953. Sua alteza real tinha 25 anos de idade.

Na Abadia, Diana foi velada. Idem, a rainha-mãe. Saindo do mórbido, William e Kate, os duques de Cambridge, uniram seus corações diante do altar de ouro filigranado.

No jardim, entre a grama verde em 2 tons, repousam margaridinhas brancas.

CHÁ DAS 5 NO SAVOY: recomendação de minha amiga Sílvia, que conhece as coisas ótimas.
Primeiro hotel de luxo do Reino Unido - hospedou estrelas e astros, cujos retratos pintados luzem no salão - ainda conserva seu aplomb. O que se vê nos filmes é mixaria diante do ritual e do que é servido. Garçons de casaca, no maior garbo. Destacava-se, no coreto, uma jovem pianista. De seu repertório, a Dança da Fada Açucarada / Suite Quebra-Nozes, de Tchaikovsky. Habanera de Bizet. Músicas de Cole Porter. Em longo preto decotado levava nos cabelos ruivos, arranjo floral que até Deus duvida. Pra lá de chique, darling!!!!

REVISTA THE ECONOMIST: 08 a 14 de junho. Capa: “a economia do Brasil é medíocre“. Matéria: “stuck in the mud - está atolado na lama“. Atenção: a merda flota. A mentira tem perna curta. Não há discurso que encubra os fatos. Benzam-nos os deuses, acordamos!!!! O povo está nas ruas!!!! O legítimo repúdio aos partidos e aos políticos sustenta o brado: corruptos, enganadores, calhordas parem de foder o país!!!! Pior que o condenável vandalismo de alguns manifestantes é o vandalismo que muitos estão praticando nos cofres públicos.

O chega pra lá derradeiro - espero - deverá ser dado em outubro de 2014.

CATEDRAL DE SÃO PAULO / 1400: mais uma obra arquitetônica de loucura. O domo, o 2o do mundo, tem 84 m de altura. Afrescado, o teto brilha qual galáxias. Os vitrais, como nas outras igrejas, comprovam o extremo talento daqueles artistas.

Na cripta, impondo respeito pelas dimensões egípcias, os túmulos dos grandes heróis nacionais: do visconde Horácio Nelson, que freou Napoleão na épica Batalha de Trafalgar. De Arthur, duque de Wellington, quando em Waterloo / 1815 pôs termo às pretensões do general corso/francês, que já se tinha como imperador do mundo.

MUSEU DE LONDRES: a vida da cidade, desde 450 mil anos atrás até hoje. Acervo espetacular sobre o passado de tragédias e de triunfos. Acontecimentos que não são relegados ao esquecimento. Lições ensinadas, aprendidas e colocadas em prática. Por isso mesmo, a Inglaterra é o que é e tem o que tem.

CASTELO DE WARWICK e STRATFORD – UPON – AVON: duas horas de viagem, passando por terras cultivadas, bosques, mansões rurais descritas por Jane Austen, pastos com ovelhas, cavalos. Campos de flores amarelas, cujas sementes fazem óleo combustível.

George Guy de Greville, conde de Warwick, construiu sua casa/fortaleza nos anos 1000. Típico exemplo das edificações da Idade Média, com fosso e ponte elevadiça. As dependências e o acervo artístico, um desbunde.
A família Merlin, hoje dona também do Museu de Cera, incrementou as atrações com performances relativas a situações de cerco ao castelo. Arqueiros, lanceiros, catapultas, mulherio acompanhando os soldados com comidinhas, bebidinhas e namoricos.

Entrando na encenação vi Elisa e eu correndo pelas torres, aos gritos. Com o corpo desprotegido - as espetaculares armaduras e elmos foram confeccionados pra homens de 2 metros de altura - senti, em desespero, que estávamos no bico do corvo. Que, sem mais delongas, entraríamos em óbito na England medieval. Senti o impacto das pedras, absolutamente redondas, acompanhadas por 412 flechas incendiárias. Cáspite!!!!

Concluído o delírio, partimos pra cidade de seu Shakespeare. Pequena, acolhedora. As gentes, educadas, simpáticas, sorridentes. No centro, casas ao estilo Tudor: pedras brancas cruzadas com madeira preta.
O gênio nasceu em família abastada. Moravam numa encantadora mansão, com espaço pra árvores e soberbo jardim.

Comentei com Elisa que se tivesse muitas libras esterlinas, compraria uma casa como a da mulher do Bardo, Anne Hathaway. Telhado de palha, pedra pintada de branco, horta, jardim onde predominariam amor-perfeito e grandes tulipas alaranjadas. Desisti do sonho, o frio exagera e no inverno neva pra mais de metro.

Na Holy Trinity Church está a bia batismal que cristianizou o menino William / 1564. Também, sua sepultura ao lado da mulher / 1616. Amigos mandaram fazer seu busto. Belo homem!!!! Muito inglês o campo santo em volta da igrejinha. Pelo terreno estão conservadas lápides de mortinhos, entre 1592 e 1629.

Nas praças, atores vestidos à moda, encenam textos do maior dramaturgo entre os gigantes.

No retorno à city, Victor, nosso motorista - guia, contou-nos que quem levou o chá pra Inglaterra foi Catarina de Bragança, filha do rei português João IV. Navegantes lusos, no comércio com a Índia, traziam a erva pra família real e seus agregados. A princesa casou com Charles II quando, com a República mergulhada no pântano, os Stuart que estavam refugiados na França, voltaram a usar a coroa.

WALLACE COLLECTION: cinco gerações dos marqueses de Hertford compuseram estupendo acervo artístico. Lady Wallace, a última proprietária, doou a mansão ao Estado em 1897, com tudo que tinha dentro. A casa em si, dos deuses. Piso de madeira desenhada, lustres de cristal, lareiras, móveis, espelhos com molduras trabalhadas, porcelanas, paredes recobertas de seda em desenhos e cores, de se beijar as mãos dos criadores.

Jardim interno com salão de chá, onde passarinhos cantam.
Entre os quadros, sobressaem Venezas de Canaletto. Retratos de Thomas Gainsborough. No registro das tragédias históricas, Camille Roqueplan pintou os pequenos príncipes York, trancafiados na Torre de Londres a mando do tio. Executados os meninos, o caminho ficou fácil à ascensão de Ricardo III. Pela extrema perversidade do rei, sua própria mãe o chamou de aborto da natureza, como escreveu Shakespeare.

As crianças atônitas, apoiando-se uma na outra, nos cobrem de ira bíblica contra o canalha disforme.

Inúmeras pinturas com paisagens deslumbrantes, com cenas do cotidiano que nos deliciam e nos ensinam sobre a vida inglesa daqueles tempos.

Espetáculo dos Espetáculos!!!! Em todos os museus, professoras levam seus alunos explicando-lhes as obras e, sendo o caso, seu sentido histórico.
Outro detalhe que faz a diferença: igrejas seculares em ruinas não são demolidas. Arquitetos projetam prédios modernos aproveitando a estrutura do que é patrimônio cultural. A junção do antigo e do novo resulta em adorável harmonia.

MUSEU DE VICTORIA E ALBERTO: peças riquíssimas do mundo e de várias épocas. Desta vez, detivemo-nos nas salas da China, Japão, Irã / Pérsia e Roma. Entre o tudo embasbacante, trajes cerimoniais, quimonos, tapetes, uniformes e espadas samurais. Chama atenção, uma burca branca de tecido finíssimo e sofisticado bordado. A bombacha, com flores delicadamente coloridas. A mulher que a vestiu não podia ser vista, mas era-lhe permitido ostentar seu status.
Cai diante da escultura “O Rapto de Proserpina“, ou seja, o deus Hades rapta Perséfone e a leva pro seu reino subterrâneo. A donzela, filha de Deméter, senhora da terra cultivada, que até aquele momento passava seus dias colhendo flores, raptada, torna-se a rainha dos infernos. Obra magistral de Vicenzo de Rossi / 1565. O artista fez vida no mármore. Nos imortais, as emoções humanas daquele fatídico e, ao mesmo tempo, glorioso momento.

Admiramos, ainda, relevos em porcelana com temas sacros.
Como os ingleses valorizam seus artistas, rolava exposição sobre o músico e ator David Bowie.

COVENT GARDEN: na Piazza, a festa londrina. Restaurantes, bares, o mercado, lotados. O planeta girando no bairro da Royal Opera House.
Ao ar livre, quarteto de jovens, violinos e cello, tocava “O Verão“ das “Quatro Estações“, de Vivaldi.

TATE GALLERY: mais um oceano de tesouros. Shakespeare e seus personagens. Deles, talvez o mais comovente de todos porque está velho e, tendo perdido a perspicácia, se deixa enganar: “O Rei Lear Chora a Morte de sua Filha Cordélia“. Pintado em 1786, por James Barry. As cores da dor lançam as imagens, direto no coração de quem sente o quadro.

Turner dá sua versão sobre a derrocada de Bonaparte, “O Campo de Waterloo“. “Senhora Siddons“, bela atriz morena, especialista em Lady Macbeth está imortalizada pelos pincéis de Thomas Lawrence.
Da realeza, retrato de Elizabeth I / 1575, com sua peruca ruiva, seu vestido de gola engomada / frisada e sua coleção de pérolas - Nicholas Hilliard. Olhar de leoa, o mesmo que lançou à corte, numa noite de festa, quando disse em alto e claro som:“aqui há uma única senhora e nenhum senhor“. Muito bitch, muito brilhante!!!!

Imagem de seu pai quando menino. A mesma pose poderosa, Henrique VIII repetiu no ano de sua morte - Joshua Reynolds.

A QUEEN DESFILA: com sol, adredemente encomendado pelo comitê de produção, multidão efusiva foi celebrar os 87 anos de idade e os 60 de coroação de her majesty. A parada durou 2 horas. Hiper banho de elegância e organização. Com uniformes soberbos, a guarda evoluiu em coreografias milimétricas. As botinas, os capacetes e as armas rivalizavam em brilho com o astro rei.

Como a soberana, a família real passou em carruagens. Estando o marido hospitalizado, Elizabeth se fez acompanhar pelo duque de Kent. Tão ou mais idoso que a prima, tão inteiraço quanto ela, apresentou-se num uniforme vermelho de cinema. Bandas, inclusive montada, engalanaram o evento. Muito lady, a princesa Anne , 2o entre os 4 filhos Windsor, uniformizada arrasou montada à cavalo. Mammy, em outros tempos, passava sentada na cela.

Apontamento especial pros cavalos - formidáveis: também mostraram que estão preparados pro que der e vier.

O espetáculo falou de afeto e respeito. Os ingleses amam a Queen. Durante a 2o Guerra, a jovem princesa já herdeira da coroa, assim como seus pais, deu duro. Dirigia ambulâncias e trabalhou como mecânica em veículos automotores. As bombas de Hitler caindo sobre a cidade devastada e a família real nas ruas, junto ao povo. A Inglaterra não esquece.

A cortina fechou com a Queen, em seu vestido azul Pompadour, seu inseparável chapéu e suas imaculadas luvas brancas, ao lado dos filhos, netos, primos, na famosa sacada do Palácio de Buckingham, sorrindo e acenando daquele jeito só deles, pro povaréu enlouquecido.

Elisa marcou presença no desfile. Limitada em meus quereres, não pude levar meu abraço à Lilibeth.

Fiquei aborrecida por 5 minutos. Desfeito o bico pedi um gin tônica, acendi um cigarricho e assisti tudinho pela TV.

BBC 2 e BBC 4: a TV oficial, muito inglesa, derrama programação de altíssima qualidade. Ensina, especialmente, sobre História. Informa, sem se preocupar com a opinião do governo e do Palácio. Diverte com classe. Celebra o passado e o presente em grande estilo. Resumindo a ópera: encanta.

Londres, a no 1. Igual, só no universo paralelo que alguns dizem existir.

Escritos de Yara - EL DORADO – No 3 / BOGOTÁ

EL DORADO – No 3 / BOGOTÁ


Yara de Nerea

Curitiba, outubro / 2013

Passando o Equador lá estão eles, ressurgidos das cinzas. Somam 47 milhões de almas. Merecem respeito.

Banhada por 1.200 rios, a terra é pródiga. Recursos naturais, de toda espécie. Acreditam que, no futuro, o país será o celeiro do mundo.

Colômbia - o início e logo depois: em busca do El Dorado, Gonzalo Jimenéz de Quesada, saiu de Cartagena das Índias subindo o rio Madalena / 1.600 km.. Massacrou e escravizou os muiscas, naturais do Altiplano / Cordilheira Oriental dos Andes. Ergueu Santa Fé de Bogotá / 1538, proclamando que aquelas terras eram a Nova Granada.

Ele e sua trupe ficaram encantados com o clima. As temperaturas, mais parecidas com as da Espanha. A beira mar, particularmente no Caribe assavam dentro das vestimentas pretas e das botas de cano alto. Isto sem falar naquela gargantilha branca frufrusada e engomada.

Dependente de Lima / Peru, em 1717 passou a vice-reinado, incluindo o Panamá, o Equador e a Venezuela.

Anos de carnificina os levaram à independência em 1819. O país ganhou novo nome, Grã- Colômbia, sendo Simón Bolívar o presidente da República, que na verdade não era República. O venezuelano reinou por 11 anos. Uma tuberculose galopante o tirou do poder e da vida.

Aproveitando o ensejo, o Equador e a Venezuela foram tratar da própria vida. O Panamá, em 1903.

Jorge Gaitán, líder liberal foi assassinado / 1948, o que desencadeou desenfreada violência. Os militares tomaram o poder. Como muitos desejam o comando inventaram As Forças Armadas da Colômbia – FARC.

Na esbórnia ambiente, a partir de 1970 os cartéis do narcotráfico deslancharam. Na década de 80, em comunhão com as FARC, a produção e o comércio de cocaína fizeram a festa do bode.

Os “Ms“ do país e dos Estados Unidos / 1990 colocaram em cena, os que tinham licença pra matar. Entre outros executaram Pablo Escobar, o poderoso chefão de Medellín.

Privilegiada com talentos, a Colômbia arrasa internacionalmente. Gabriel Garcia Márquez é Nobel de Literatura. As obras plásticas de Fernando Botero, requisitadas mundo a fora. Na música, destaca-se Shakira que quebra a mesmice das estrelas pop, com sua dança do ventre. Nas virtudes: o Vaticano acaba de canonizar Madre Laura, também de Medellín.


BOGOTÁ


Plantada na montanha a 2.640 metros, a Capital abriga 9 milhões de habitantes. Com relação ao Brasil, o fuso marca 2 horas a menos. Essas são contadas em AM e PM, considerando-se o antes e o depois do meio-dia.

Os meses de chuva indicavam o inverno. Com o clima destrambelhado, agora chove a qualquer momento. Quando o sol aparece é verão, mas a temperatura não excede aos 19 graus. O deus sol dos muiscas poupa suas energias. Resumo: faz frio o ano inteiro.

As ruas são identificadas por números. Parques, praças e jardins minimizam a agonia provocada pelo trânsito. Pro transporte coletivo importaram de Curitiba o biarticulado, que se intitula TransMilênio. Comentam que funciona bem.

O governo não dá facilidades aos meliantes. Portando metralhadoras cinematográficas, o Exército está nas ruas. Tem polícia montada e a civil se faz acompanhar por cachorros apavorantes.

Como no restante do planeta, os ingleses foram pra construir ferrovias. Levaram o conceito das edificações com tijolo à vista. Por toda a cidade, até nas favelas, casas e prédios luzem-se com os tons variados da argila.

A metrópole é famosa por seus restaurantes internacionais de 1o linha.
Os pratos típicos levam milho, vários tipos de batata, carne de boi, de porco, de galinha, arroz, farinha de diferentes raízes incluindo a mandioca - adoram comê-la frita. Ainda, abacate, coco e banana / plátano de diferentes modos, verde ou madura. Pro nosso paladar, os sabores são inusitados.
Além de café bebem a água aromática: chá quente com ervas e frutas picadas. Delicioso e corriqueiro, o chá da folha da coca.

O Centro Histórico: casarões coloniais com seus balcões e grandes portas converteram-se em lojas, hotéis, restaurantes, museus, bancos, escritórios, repartições públicas. A graciosidade do conjunto impressiona. As gentes cuidam de preservar sua memória.

Catedral Primaz / 1539: restaurada em 1808 louva a Imaculada Conceição, com toda a majestade das igrejas espanholas.

Igreja da Candelária / 1635: no altar, ouro e mais ouro.

Tudo é música naquelas bandas. Impera a salsa caribenha. A cumbia e outros ritmos andinos soam como as nossas sertanejas ou rancheiras. Cantam – claro – o amor e a vida dos do campo. Os artistas vêm com figurinos regionais próprios pra cada ritmo. Dançam em rodopios. As mulheres, abrindo a saia, mostram os bordados e os desenhos do tecido.

Museu do Ouro: citado entre os lugares que se deve conhecer antes de morrer. Acervam 34 mil peças. Criações que remontam há mais de mil anos antes de Cristo.


Em ouro de 22 quilates, sob iluminação perfeita, as peças faíscam. Muitas se entrelaçam com esmeraldas, jade, âmbar e corais. Outras tantas filigranadas. Várias esculpidas com representações do sol, da lua, dos órgãos genitais, de animais. O jaguar, serpentes, rãs, macacos, pássaros são os mais reverenciados. Nas cerimônias, o pedido principal aos deuses ficava em torno da fertilidade. Alimentos e filhos.

Estrelas da Exposição

Jarros onde guardavam a carapaça pulverizada do caracol. A massa era mastigada com folhas da coca. Misturada com a saliva, potencializava a energia necessária pras lidas do dia a dia nas alturas.

Adornos do chefe calima, da cabeça aos pés. Tanta beleza atordoa, incluindo penacho feito com pássaros da Amazônia colombiana.

Espirais: grandes, médias e pequenas. Desenho que aparece em muitas culturas milenares.

O que representam???? Dizem que as galáxias. Dizem que o sistema planetário, com as esferas dando voltas em torno do deus sol. Dizem que representam a trajetória evolutiva da nossa espécie. Ainda, que no labirinto da existência, as espécies caminham sem volta pro centro, onde a vida acaba.

O Ponto Altíssimo

A pequenina balsa muisca conta o mito do El Dorado.
O cacique era levado por 4 xamãs à lagoa de Guatavita. Ritual de adoração à Mãe Terra - Chía. Com o corpo coberto de ouro em pó, levando oferendas, mergulhava nas águas sagradas.

Os espanhóis, enfim, encontraram o El Dorado. Algumas das joias que retiraram da lagoa são mostradas, junto a uma projeção sobre o tema. Em dado momento, luzes enfocam no piso a lagoa com seus tesouros. A música muisca torna o clima ainda mais arrebatador.
Ensinavam os da terra: “cantamos para viver e dançamos para não morrer“.

Cerro de Monserrate: funicular / 1928 voa por 4 minutos levando as gentes ao mirante / santuário. A montanha eleva-se a 3.152 m.. Floresta e cidade, panorama olímpico. Os católicos fazem - também a pé - peregrinações à Igreja do Cristo Caído. Pelo que se vê em toda parte são fixados nos acontecimentos da via dolorosa. As 14 estações em bronze, de Ludovico Consorti, rodeiam as edificações do cume.

Como também de pão vive o Homem, 2 restaurantes chiquetérrimos atendem - pra almoço e janta - a malta que sobe, pelos prazeres da carne.

Embasbaquei – me com uma planta que só vive nas alturas. Entre o verde das árvores fazem um clarão prateado. As folhas da Fraile Jon são punhais de veludo. No tempo certo oferecem flores amarelas.

Biblioteca Luís Ángel Arango: 1o das Américas. Formou-se com os livros que os jesuítas deixaram, quando foram expulsos das Colônias em 1777. O acervo soma 1 milhão de títulos. Pro bem de todos, as gentes são dadas à leitura.

Museu Botero: além das obras, o casarão. Fernando - nasceu em Medellín e está com 81 anos - doou ao país parte de suas pinturas, esculturas, desenhos e aquarelas. Junto, obras de Monet, Renoir, Dalí, Picasso.

Na entrada, a escultura de uma mão esquerda aberta é o 1o impacto. Botero pintou cenas do cotidiano e personagens imortalizados pelos grandes mestres. Sua “Monalisa“ nos olha marotamente. Irresistíveis, os redondos casais que dançam. Sua mãe viúva costurando pra sustentar os filhos ainda pequenos. Mulheres gordas nuas, com bundas formidáveis e longos cabelos negros.

Fez “A Morte Tocando Guitarra“. Peladaça sorri cheia de dentes. Diz-nos que sua função, por simples, natural e rápida, lhe dá tanto prazer que cabe acompanhar o evento, com alegre sonoplastia. “Mulher com Pássaro“. A cafetina ruiva e vesga administra seu negócio toda enfeitada. Usa brincos de esmeraldas e colar de corais. Como não é de ferro aguenta o tranco, segurando uma garrafa de rum. No ombro, o papagaio mascote da casa, que fala palavritascondizentes com o festejado estabelecimento.

Num dos portais de pedra do casarão escreveram: “governando, Fernando VI, o justo.”Bajulação descarada ou gozação oportuna???? Os do Trono eram tudo, menos justos.

Catedral do Sal / 1954: viagem de 50 minutos passando por plantações de rosas, cravos, morangos, batatas e soja. Por pastos fartos pras vaquinhas leiteiras - manteiga e queijos, de revirar os olhos. Ao longe, de todos os lados, as florestas vestem as montanhas com todas as tonalidades do verde.
Ao lado da colonial Zipaquirá / 1.600, a mina.

Quando as placas tectônicas do Pacífico deslocaram, montanhas submersas vieram à tona.

Algumas, transbordando de sal. Bem antes dos mineiros extraírem o depositado e pensarem em fazer nas cavernas locais de oração, os que por ali moravam há 375 anos a.C., já se serviam desse mimo da natureza.

Profundidade: 180 metros. Em 2 horas de caminhada, ida e volta só deslumbramento. Pelos túneis e galerias acompanhamos as 14 estações da paixão. Cruzes e relevos nas paredes apontam os passos de Jesus ao Gólgota. Suave sonoplastia acompanha os nossos.

No fundo, as capelas. Na da pia batismal desce os 16 metros da parede, cascata de sal como se fosse volumosa espuma branca. Na principal, do alto do coro, nos fascina a cruz do suplício. Gigantesca, rajada de cores, flutua. No centro, a projeção em vermelho do coração pulsante de Jesus.

Chegando à nave vemos que a cruz não pende do teto. Foi esculpida na rocha em baixo relevo.

Entre as esculturas em mármore e pedra sobressai o “Medalhão da Criação“: Carlos Rodrigues e Hugo Corredor, reportando-se a Michelangelo e à Capela Sistina esculpiram em mármore, no
piso, o instante no qual o dedo de Deus dá vida a Adão e aciona os elementos. Os artistas, sem contemporizações, mostram que a criatura é imperfeita. Adão não tem olhos.

Passando pela loja e pelo Café, o derradeiro despencar de queixo. De um balcão admiramos as formas e as cores das rochas que estão embaixo. Na real, trata-se de espelho d’água de 10 centímetros que reflete o teto da galeria.

O projeto: Roswell Garavito. O trabalho de Arquitetura: Mirian Toro. O de Engenharia: Jorge Castelblanco.

Como não se pode descrever o indescritível, esse meu conversê é nada. Há que estar lá, de corpo presente.

Casa de Manuelita Saenz e a versão colombiana do seu tórrido romance com Bolívar:

a “libertadora do libertador“ nasceu em Quito – Equador / 1795, de mãe solteira. Quando a moça morreu, seu Saenz não sumiu do mapa. Levou a criança pra sua mulher criar. Péssima ideia. Papai internou a menina num colégio de freiras. Inteligente, destemida, cheia de opiniões e atitudes, mocinha, pirulitou do recinto dando-se aos braços de um jovem soldado.Señor Saenz tentando controlá-la providenciou seu casamento / 1817, com comerciante inglês residente em Lima.

Fleumático, permitiu que Manuelita circulasse. Foi pra Quito / 1822 e lá conheceu Bolívar. Então, explodiu a paixão que ficou na História. Simón levou-a pra Bogotá/1828.
Fortíssima, pitaqueava sobre tudo, com todos.
Como o poder absoluto é irresistível, o presidente sofreu atentados. Ela, sempre ao lado de seu homem.

Quando Bolívar morreu / 1830, a que era toda poderosa foi expulsa do país. Faleceu, com tifo, aos 61 anos na cidade portuária de Paita / Peru.
Na casa / de 1713, busto de bronze mostra uma bela mulher, carnuda, confiante em si mesma. A peça de Jorge Cobo, um presente do Equador à Colômbia.

Além de pertences da señora de la casa, o museu expõe trajes muiscas e os regionais. Muitas flores e cores nas blusas, nas saias compridas e nos lenços. Os homens, loucos por chapéu. A coleção encanta.

Mesmo os espanhóis ditando o que as gentes, nas suas classes sociais, estavam autorizadas a vestir, não conseguiram matar a alegria de viver estampada nas roupas.

Entrevista na TV: o assunto era Cinema. À mesa, jornalistas. O apresentador faz a 1o pergunta pra moça. Mal abre a boca, o rapaz a interrompe falando junto com ela. O outro também deita falação. O mediador do que deveria ser um debate dá seu palpite. Seguem monologando sem nenhum constrangimento. Como falavam todos ao mesmo tempo, os telespectadores - imagino - como eu, com cara de ostra ficamos sem saber qual a proposta do encontro e qual a opinião dos participantes. Uma lástima que essa prática tenha extrapolado da roda de amigos. Não interessa ouvir o que as pessoas têm a dizer. Importante é falar, ainda que seja pra si mesmo. Oba!!!! Viva Nóis!!!!

Entre os inúmeros monumentos, o destaque vai pro que imortaliza Policarpa Salabarrieta, heroína da revolução pela independência. Tinha 21 anos quando enfrentou o pelotão de fuzilamento.

Quinta de Bolívar / de 1804: o presidente instalou-se nesse casarão fazenda,
ao pé do Monserrate. Átrio com pedras de rio, estábulo, varandas, jardim, bosque e cascata.
Nos cômodos, coisas e loisas do morador.
Contam que Manuelita era assídua frequentadora. Chegava à noite a cavalo, de uniforme. No primeiro raio de sol voltava pra casa. Nesse sistema, a paixão dura séculos.

Plaza de Toros / 1931: no bairro de La Macarena, em tijolinho à vista, acolhe 14.500 espectadores. Proibido que está o espetáculo de sangre y arena, o coliseu é palco pra concertos e shows.

Museu de Arte Colonial: o casarão é de 1605. Pintura religiosa em molduras que, por si só, fazem valer a visita. Ainda, oratórios, prataria de igreja e: “São Francisco de AssisRecebendo As Chagas“. O santo projeta-se do quadro, em alto relevo. “Nossa Senhora e o Menino“. A doce Maria usa um brinco / arete real, fixado na tela.

“A Cidade da Imaginação“ vive de arte e cultura: a mente, o espírito e os sentidos saboreiam as maravilhas da criação humana. As gentes e os do governo valorizam seus artistas. Nos festivais, Bogotá promove rituais anuais às musas. Desde 1988, o Festival Ibero- Americano de Teatro. São 2.209 companhias que encenaram 9 mil espetáculos pra 3 milhões de espectadores, em 2012. Dá-lhe dona Colômbia!!!!

Não é propaganda enganosa quando dizem: “o perigo é você querer ficar”.