sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mensagem da Editora do Blog

Curitiba, 07 de dezembro de 2007

Amigas e amigos de Yara,

Dois bons fatos aconteciam: pensava numa maneira simples em que pudesse ter o domínio técnico para virtualizar o Acervo do Teatro Guaíra e a empatia pela Yara - por pura ignorância não conhecia o legado do seu trabalho (Vitória, você não exagerou!).

A idéia surgiu e Yara aceitou a minha oferta - gravei o seu sorriso e também um pontinho de interrogação "Será?!". Desde então tem sido prazeroso trabalhar com Yara, sua gentileza, experiência, doçura, competência, profissionalismo, sua justa lembrança com os colegas e amigos atores, parceiros de militância, parceiros de vida.

Obrigada por permitir-me retratar para o mundo a sua trajetória artística, suas lutas, épocas diamânticas (Edson Bueno, você me permite?), enfim, sua vida. Sentirei saudades das nossas horas de trabalho na sala da Diretoria Artística, entre pautas, telefones, cafés, panetones, conversas cruzadas e você nos brindando com histórias de fatos e das fotos publicadas.

Assim, convido a todos para desfrutarem do
Blog feito para e sobre Yara Sarmento que está, por exclusivo mérito da Yara, com conteúdo consistente, verdadeiro, histórico e muito bem escrito.
Enviem-nos comentários, fotos (não temos nenhuma do período de São Paulo), datas, fatos.

Beatriz Barreto Brasileiro Lanza
beatrizlanza@gmail.com

Curitiba, 07 de dezembro de 2007

sábado, 27 de outubro de 2007

TROFÉU GRALHA AZUL

Yara Sarmento

Em 1973 começou o trabalho de estruturação e planejamento da primeira edição do Troféu APATEDEP – “Máscaras do Teatro” – que se realizou em 1974. Esse foi o primeiro Troféu a homenagear os artistas, técnicos e produtores do Teatro do Paraná. Já na segunda edição, a premiação passou a se chamar Troféu Gralha Azul, por sugestão de Edson D’Avila.
Yara Sarmento, atriz paranaense, na ocasião Secretária da Associação Profissional dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Paraná – APATEDEP, foi uma das criadoras desse prêmio, junto com os artistas Delcy e Edson D’Avila e Waldir Manfredini.
Além desse papel decisivo na criação do prêmio, Yara na década de 80, Assessora da Superintendência da Fundação Teatro Guaíra, na gestão de Oraci Gemba, contribuiu para que o Troféu Gralha Azul fosse prêmio oficial do Estado.

Calvin: Como surgiu a idéia de criar um Troféu que premiasse os profissionais de Teatro do Paraná?
Yara Sarmento – A idéia surgiu por reivindicação da própria classe teatral à época, que via a premiação como uma medida de estímulo e reconhecimento ao trabalho realizado.
Partindo disso, Delcy, Edson e eu, que éramos diretores da APATEDEP, juntamente com Waldir Manfredini, discutimos a possibilidade de realizar algo nesse sentido. Depois de formularmos a idéia, começamos a desenvolvê-la. Uma Assembléia Geral foi realizada com a classe teatral no objetivo de discutirmos as normas.
Partindo desse Regulamento, definiu-se quais eram os procedimentos a serem tomados no sentido de que o prêmio fosse instituído: convite às pessoas para a comissão julgadora; acompanhamento dos espetáculos que se apresentavam no ano e outros tantos. O prêmio em questão foi muito bem recebido.


Calvin: Como era o cenário teatral à época?
Yara Sarmento – Era significativo. À época ocorreu importante movimento no Teatro paranaense. O Teatro Guaíra, por exemplo, oferecia apoio às produções independentes através de editais.


Calvin: Quais foram os passos mais importantes do Troféu Gralha Azul após esse primeiro embalo?
Yara Sarmento – A APATEDEP foi a promotora desse Troféu até 1978. Depois disso, dificuldades financeiras de toda ordem, inclusive para a confecção das estatuetas – que foi desenhada, graciosamente, pelo artista plástico Ivens Fontoura, a pedido do ator Sansores França – impediram a continuação do prêmio. Então, houve um interregno de 78 a 83 na realização do evento. Durante esses anos, tentou-se a retomada do Troféu inclusive junto ao Museu da Imagem e do Som, dirigido por Marcelo Marchioro. Houve interesse em institucionalizar-se o prêmio, mas também, por falta de recursos financeiros não foi possível. Quando Oraci Gemba assumiu a Superitendência da então Fundação Teatro Guaíra, a classe fez nova reivindicação no sentido de que a instituição assumisse a realização do Troféu. A partir de 1983 o Teatro passou a ser o promotor da premiação que é anual. Na mesma ocasião se instituiu o prêmio em dinheiro – Prêmio Governador do Estado – no propósito de dar-se mais tempero ao Troféu. Depois, retiramos do Troféu o título "Prêmio Governador do Estado", em razão de que não houve e não há maiores interesses pela premiação por parte dos dirigentes do Palácio Iguaçu/Das Araucárias.


Calvin: Como você vê a situação atual do Troféu?
Yara Sarmento – O Troféu, no meu modesto entender, se solidificou ainda que com todos os altos e baixos que teve e tem. O Regulamento é revisto todos os anos em reunião conjunta com os artistas, técnicos e produtores. Revemos as normas, verificamos o que não deu certo, o que deve ser mantido, e dessa forma, vamos aprimorando ano a ano as normativas do prêmio. Pelo número de espetáculos inscritos, concluímos que a classe teatral deseja a manutenção desta premiação.
O Troféu Gralha Azul foi criado por vontade da classe. Manter-se-á se houver interesse dos profissionais de Teatro pelo mesmo.
Retiramos do Troféu "Prêmio Governador do Estado" em razão de que não houve e não há melhor interesse pela premiação por parte dos dirigentes do Palácio Iguaçu/Das Araucárias.


Calvin: Como atriz premiada, como você vê a importância do Troféu Gralha Azul para os artistas paranaenses?
Yara Sarmento – O prêmio em tela objetiva reconhecimento e é um importante estímulo. O Troféu não só contempla os atores, mas também, os técnicos e os criadores, ou seja, figurinistas, cenógrafos, sonoplastas, iluminadores e outras funções de criação. Também, àqueles que contribuíram para o desenvolvimento e difusão do fazer teatral. É extremamente gratificante receber o prêmio porque a carreira do artista, em quase todas as áreas, não é fácil. É uma vida de muita luta e muita insegurança. No caso do Teatro, o Troféu valoriza os indicados e, em especial, os premiados.

CONVITE À REFLEXÃO

À CLASSE CÊNICA

YARA SARMENTO


O Cumprimento às Leis é a segurança da sociedade, e de cada um de nós.

A dignidade profissional do artista, técnico e do produtor em espetáculos de diversões e a conseqüente reputação positiva/credibilidade da mesma classe junto à sociedade e aos governantes, será resultado do trabalho digno, sério, responsável e competente de cada um dos que integram este segmento.

Desprezar esta importante questão, é contribuir para a visão preconceituosa da sociedade em relação aos profissionais cênicos, e aos artistas em geral, bem como para o descaso das autoridades quanto à ARTE/CULTURA, assim como àqueles que as realizam. Desprezar este importante enfoque é contribuir para a continuidade da marginalização da classe artística. Igualmente, para o desrespeito com o qual temos – por muitos e em muitas ocasiões da trajetória da classe – sido tratados.


Cumprir e fazer cumprir a Lei que regulamenta a nossa profissão – nº 6.533/1978 – é o primeiro e decisivo passo para que possamos ocupar lugar de respeito na sociedade, o qual nós como todos os outros profissionais, merecemos e devemos exigir.

A classe artística, em sua própria proteção, deve procurar contribuir para a Previdência. Fazer plano de saúde e ter sua casa. Pensar nos tempos das vacas gordas e magras. Da juventude e da velhice. Das enfermidades possíveis.

A ARTE – expressão da cultura de um povo – nos ensina a História da Civilização, é a manifestação do espírito/intelecto do ser humano, a expressão do que nele há de melhor, de mais belo e de mais rico. Através da Arte tem sido marcado o grau de evolução dos povos.

As “ARTES DA PALAVRA”, por sua vez, em sua fundamental importância, por espelhar a vida em sociedade, nos mostram a dimensão do estágio social, intelectual, político, histórico, cultural, dessa sociedade em seus vários períodos.

No trabalho com as “ARTES DA PALAVRA” – neste caso, o Teatro, a Ópera, o Cinema, a Teledramaturgia – é nosso papel como profissionais da área em tela, ponderar sobre a importância e a repercussão de tais ações artísticas, as quais tratam – no pensamento expresso pela linguagem – sobre o cotidiano, sobre a condição humana. O espetáculo cênico é um dos veículos essenciais na exposição sobre esse cotidiano.

Portanto, deve-se considerar sobre a responsabilidade dos profissionais cênicos com relação a obra a ser criada/encenada, em razão de que o espetáculo “mexe” com a cabeça do espectador, podendo dar-lhe oportunidades para o auto conhecimento, para o conhecimento, abrindo-lhe portas para a visão de mundo.

Desta forma, o espetáculo, além de aflorar-lhe emoções/a sensibilidade, certamente, contribui para a reflexão, para despertar no público senso crítico, para acender sua consciência política, o que vai impulsioná-lo ao exercício de seus direitos e deveres de cidadania, sem os quais a vida em conjunto torna-se catastrófica para todos e para cada um.


As “ARTES DA PALAVRA” – sabemos – têm tido, historicamente, o poder de mover a sociedade nas mais diversas direções. Aí está a sua força. Os artistas são formadores de opinião.

Isto posto, um dos papéis do profissional cênico, sem dúvida, é o de dar sua contribuição para que a pessoa, ser social/político, no processo de desenvolvimento cultural, seja o decisivo PROTAGONISTA da obra/mundo, que todos nós desejamos poder vivenciar: com paz; justiça; dignidade; solidariedade; generosidade; liberdade; segurança; decência; prazer e alegria. Situação esta a qual nos direciona ao alcance do objetivo de vida do ser pensante: a felicidade.

Tudo começa – acredito – com o respeito que cada um deve a si mesmo como pessoa e como profissional. Assim, também, com o respeito que devemos aos outros, à comunidade da qual fazemos parte.

Com o respeito que devemos ao mundo/planeta no qual vivemos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Conto: “O PARTO DA ARANHA MORTA”

À Rosirene Gemael, Marilu Silveira, Dinah Ribas Pinheiro e Adélia Maria Lopes.

Yara Sarmento

No verão de 1971, quando havia ainda cinema em Antonina, elas foram assistir “O Leão no Inverno”, filme que trata, soberbamente, da sucessão do rei Henrique II da Inglaterra, e da luta de Ricardo Coração de Leão, um dos três filhos do monarca, pelo trono. Um elenco de feras debulhando-se em fantásticas interpretações.

Terminada a sessão, caminharam à casa de Dorothy e Maninho Pinto. Fizeram um lanche que tinha pão d'água saído da fornalha, o célebre pão “bundinha”, o mais delicioso de todos. O papo era sempre tão animado que sair da casa de Maninho ficava difícil. Antes da “hora aberta”, como Feliciano chama o badalar da meia noite, quando não se deve sair a céu descoberto, porque é a hora da circulação das almas, a moça e a amiga se despediram. Margareth emprestou a bicicleta. A amiga nos pedais, a moça no bagageiro, e assim atravessaram a cidade quase deserta.

A noite apresentava-se com um suave sopro atlântico. Voltaram a falar sobre o filme, destacando a interpretação de Katharine Hepburn, divina em sua Alienor de Aquitânia.
O vento farfalhava, delicadamente, as folhas das árvores da Praça Coronel Macedo. Ao fundo, na colina, a moça mais uma vez admirou a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, soberana sobre a cidade.

Na ladeira a caminho da Ponta da Pita, a bicicleta serpenteava gemendo no paralelepípedo. As duas, às gargalhadas, faziam contorções circenses para não se estatelarem no chão. Quando passaram pelo campo de futebol do 29 de maio - Honra e Glória - viram que a noite estava clara, era a performance da lua muçulmana.

No trecho do Clube Náutico, alguém ouvia Dalva de Oliveira cantando “Confession”. A moça doida por tangos, sentindo-se num palco portenho soltou a voz : “... hoi, despues de un año atroz, te vi passar. Me mordi pa no chamarte. Ivas linda como un sol. Se paravam pa mirarte...”.

Passando pela maternidade cruzaram com um jipe. O motorista, finíssimo, aproximou-se da bicicleta e berrou: “tão querendo batê cás deis, muquiranas”. A amiga, afastando a bicicleta da rua gritou: “vai-te às fezes do diabo, seu grande filho da puta” e seguiu pedalando. A moça, muda de medo, olhava para ver se o jipe estava voltando.

No bairro do Lacerda, onde moravam, desceram da bicicleta e fizeram a pé o caminho da rua à casa.O dito era de terra e bastante inclinado.
Sentiram o cheiro do mar dominar o ambiente. O canto de grilos e um encantador bailado de vagalumes acompanhavam o trajeto. Os morcegos não deixaram de participar do espetáculo com graciosos vôos rasantes.

O casarão estava imponente na luz mortiça. Pintada à meia boca pois não havia dinheiro para a necessária restauração, a casa tinha um aspecto fantasmagórico em seus mais de cem anos. Dizem que no casarão, o coronel Macedo recebeu D. Pedro II e comitiva, na visita do Imperador ao Paraná. Propriedade, à época, de Lourdes e Luiz Valente, a “casa grande", como elas a chamavam, era protagonista - talvez porque no imenso quintal estava o túmulo da família Macedo - de algumas das muitas arrepiantes estórias de assombração que os capelistas adoram contar e ouvir, ainda mais deliciados, se a noite é de tempestade, ou, de lua cheia. Subiram a escada. Na varanda da entrada deram de frente - empinada qual rainha - com uma aranha negra gigantesca (na verdade não era assim tão grande, mas, de qualquer modo assustadora). A moça paralisada gritou à amiga: “mate essa aranha, ela vai entrar na casa”. Depois de umas cinco tentativas - o bicho era mestre em esgueirar-se - o alvo foi atingido. Da massa aplastada - para espanto das duas - começaram a sair, com muita pressa, um sem número de pontos negros que se espalhavam em todas as direções. Aturdida e num ataque de completa imbecilidade, a moça perguntou: “o que é isso, são formigas?”. A amiga, paciente, explicou: “não são formigas, são arainhas, a bicha estava prenha e pronta pra parir”. Olharam-se estupefatas, e embaladas pelo primeiro golpe assassino, sapatearam sobre os pingos negros. Liquidados os mais lentos - os outros desapareceram - elas foram para a porta. Próximo ao degrau viram o que acharam ser a aranha macho. Armado, imenso, negro. A moça, arrepiada, gritou: “é o marido, o pai das crianças, e agora?” Decidiram que ele, também, devia morrer. A moça pensou: vai entrar na casa e proceder implacável vingança. A amiga saltou sobre o infeliz personagem.

Terminado o massacre, aberta a porta, a moça suando em bicas, sentou no sofá da sala, não sem antes inspecioná-lo. Muitos bichos de variados tipos e tamanhos freqüentavam o casarão. Acendeu um cigarro. Tremia tanto que o pito caiu no chão. Pegou o cigarro e seguiu fumando como se aquele fosse o último de sua vida.

Rememorando a cena, a moça se deu conta que haviam assassinado uma família. Que tinham trucidado a mãe na hora do parto; os recém-nascidos; o pai impotente, testemunha ocular e auditiva da brutal violência. A moça, super abatida, constatou como o ser humano também é predador. Percebeu - reduzida a pó de bosta - que a lei da selva impera sempre. Com voz sumida discorreu sobre o tema à amiga. A outra, prática, simplificou o enredo da ópera: “você sabe que esta casa é um zoológico. Matamos as aranhas porque são venenosas, é só!”, e cansada de tudo aquilo, foi para o quarto. A moça ficou ali mais um tempo, com cara de criminosa confessa, sem perdão. Na cama, cheia de culpa e consumida pelo remorso torturava-se com mil pensamentos. Tentou ler, andou pelo quarto, fumou à bessa, roeu todas as unhas, olhou a noite através da vidraça. Teve vontade de tomar um whisky, mas, não se atreveu a sair do quarto, tinha medo de fantasmas, e naquele momento o medo instalara-se com força letal. Dormiu quando o sol já batia na janela.

Muitos anos passaram. A vida mudou, como sempre. As coisas boas e más acontecidas na época estão quase esquecidas. Aquela noite, entretanto - para a moça - é presente. O filme; o papo com os amigos; o pão “bundinha” crocante com manteiga; a dança das folhas nas árvores; a igreja matriz; o ranger das rodas da bicicleta saltitando nas pedras do calçamento; o penetrante perfume do mar; o jipe azul; o espetáculo dos grilos, vagalumes e morcegos; a lua branca linda; o tango dilacerante; a casa projetada na luz amarelada; as aranhas negras; o quadro do extermínio; a dolorosa impossibilidade de reverter o fato consumado.

domingo, 21 de outubro de 2007

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

No campo de batalha

Advogada, atriz e mulher de luta, Yara Moreira de Moraes Sarmento, 48 anos, substituirá Lúcio Weber (artisticamente, "Gabiroba") na presidência do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Paraná, nas eleições marcadas para o dia 30 de abril de 1988.

Não houve oposição até agora: Yara encabeça a diretoria, na qual estão outros nomes conhecidos: Delcy D'Avila, Maria de Lourdes Rufalco, Christo Dikoff (titulares); José Wanderley Lopes, Marlene Conceição e Laerte Ortega (suplentes). No conselho fiscal, Guilherme Wolf Schaia, Grazini Branco da Costa e Cláudio Iovanovitchi como efetivos; Léo Benvenuto de Almeida, Schirlei Terezinha Conceição e Alfredo Budin como suplentes. Os nomes para representantes junto a Federação dos Profissionais de Espetáculos e Diversões são os de Elamar Zanquetin e Wellington Albert Landerdahl (efetivos); Benedito Correa Neto e Luiz Cirilo Barbisan (suplentes).

Yara Sarmento é a pessoa certa para dinamizar o Sindicato. Corajosa, sem papas na língua, teve a coragem e dignidade de denunciar os desmandos na área cultural no governo José Richa. Perseguida pelo infeliz secretário da Cultura naquela época, Yara deixou a direção de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra e recebeu, solidariedade nacional de repúdio a prepotência e incompetência do secretário na época - a quem ela, aliás, está processando judicialmente, por calúnias e difamações assacadas contra a sua honra.

Agora, um reconhecimento da classe à coragem de Yara: a sua eleição para a presidência do Sindicato dos Profissionais em Espetáculos no Paraná.

Fonte: Tablóide Digital - Aramis Millarch

domingo, 22 de julho de 2007

Yara Sarmento lança livro on-line

21/07/2009
Yara Sarmento lança livro on-line
Marcos Borges
Além de uma das principais referências do teatro paranaense, Yara sempre foi uma ativista dos direitos dos artistas
Yara Sarmento, Norma Sueli e Marília Pêra na peça ‘Onde Canta o Sabiá’, no Rio de Janeiro, em 1965
Ela tem 69 anos e não pensa em se aposentar tão cedo. Uma das principais representantes da cena cultural paranaense, Yara Sarmento prepara o lançamento de seu primeiro livro, ''Na Espuma das Ondas'', onde ela inclui crônicas e contos, um texto teatral para ser dramatizado, entrevistas e o roteiro para um curta-metragem, todos inéditos.

Yara trabalha no teatro desde 1963, mas começou a dançar com 15 anos. Ao mesmo tempo que estudava Direito na Universidade Federal do Paraná, participou de importantes montagens de teleteatro no Canal 6, com diretores como Sinval Martins e Gláucio Flores de Sá Brito. Atuou ao lado de Lala Schneider, Aristeu Berger, Claudete Baroni e Joel de Oliveira. Com este último protagonizou o primeiro close-up de um beijo na TV local. ''Foi um escândalo. As pessoas ligavam e perguntavam como minha mãe deixava eu fazer isso. Ela respondia que eu era atriz e devia obedecer o pedido do diretor. Sempre me defendeu'', lembra.

Entre 1964 e 1971 morou no Rio de Janeiro e em São Paulo. Trabalhou em diversas produções para teatro e televisão, onde foi muitas vezes dirigida por Valêncio Xavier. Chegou a fazer dublagens em filmes e seriados que passavam no cinema. Foi lá que Yara participou do primeiro espetáculo pop do Brasil, chamado ''Onde Canta o Sabiá'', ao lado de Gracindo Júnior e Marília Pêra.

Como a ditadura atingiu de forma brutal as manifestações artísticas da época, o trabalho diminuiu e Yara voltou para Antonina, cidade natal da atriz. Lá ela abriu um restaurante ao lado de Dudu Barreto Leite, que movimentou a cena cultural da região. Haviam apresentações musicais e teatrais, além de exposições de artes plásticas.

Dois anos depois estava de volta a Curitiba e fundou, ao lado de outros artistas, o Grupo Movimento de Teatro. O Guairinha foi o berço do grupo, na época que as montagens duravam mais de um mês, coisa rara hoje. Com esta equipe participou de montagens importantes, como ''Maratsade'', ''Electra'' e ''O Cerco da Lapa'', sucessos de crítica e público.

Como uma diva do teatro paranaense, Yara Sarmento merecia um livro lançado em edição de luxo, com capa dura e ilustrações coloridas. Por conta de problemas de verba, a versão da obra será feita on-line. Mas a atriz, que atualmente é assessora da direção artística do Centro Cultural Teatro Guaíra, acredita que essa também é uma forma de se aproximar do público jovem e apresentar a vida dela para os novatos na profissão. Nada mais justo para uma senhora de 69 anos que não pensa em se aposentar tão cedo.

21/07/2009
Atriz criou o Troféu Gralha Azul
   No conteúdo do livro escrito por Yara consta o conto ‘‘O Parto da Aranha Morta’’. Não é uma ficção, mas sim o relato de um fato vivido pela autora enquanto morava em Antonina. Também existem monólogos, inúmeras fotos da carreira e o histórico da atriz.

  A obra, que era para ter sido impressa, foi adaptada para a versão on-line pois o projeto não foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). ‘‘Eles falaram que o projeto não era literário e de artes cênicas. Então deveria ser encaminhado ao setor de patrimônio. Como não concordei com a decisão, não seguimos adiante’’, explica. Ativista dos direitos da classe artística, Yara também faz no livro severas críticas ao governo do Estado, por conta da falta de recursos para o setor cultural.

  A atriz foi uma das criadores do Troféu Gralha Azul, principal premiação teatral do Estado, ao lado de Delcy e Edson D’Ávila e Waldir Manfredini. Ela recebeu, ao longo da carreira, quatro troféus. No livro, Yara conta sobre o nascimento do prêmio e como ele se transformou na principal premiação do teatro do Paraná. Este ano a escolha dos melhores do teatro paranaense completa 30 anos.

  Uma novidade no livro é a inclusão de uma parte sonora, onde o leitor pode ler o conto e as histórias e escutar a música sugerida por Yara. O livro deve ficar pronto em três semanas e os interessados podem solicitar uma cópia através do endereço y.sarmento@gmail.com. (D.C.)
Diogo Cavazotti
Equipe da Folha

Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folha.php?id_folha=2-1--5987-20090721

sexta-feira, 16 de março de 2007