sábado, 27 de outubro de 2007

TROFÉU GRALHA AZUL

Yara Sarmento

Em 1973 começou o trabalho de estruturação e planejamento da primeira edição do Troféu APATEDEP – “Máscaras do Teatro” – que se realizou em 1974. Esse foi o primeiro Troféu a homenagear os artistas, técnicos e produtores do Teatro do Paraná. Já na segunda edição, a premiação passou a se chamar Troféu Gralha Azul, por sugestão de Edson D’Avila.
Yara Sarmento, atriz paranaense, na ocasião Secretária da Associação Profissional dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Paraná – APATEDEP, foi uma das criadoras desse prêmio, junto com os artistas Delcy e Edson D’Avila e Waldir Manfredini.
Além desse papel decisivo na criação do prêmio, Yara na década de 80, Assessora da Superintendência da Fundação Teatro Guaíra, na gestão de Oraci Gemba, contribuiu para que o Troféu Gralha Azul fosse prêmio oficial do Estado.

Calvin: Como surgiu a idéia de criar um Troféu que premiasse os profissionais de Teatro do Paraná?
Yara Sarmento – A idéia surgiu por reivindicação da própria classe teatral à época, que via a premiação como uma medida de estímulo e reconhecimento ao trabalho realizado.
Partindo disso, Delcy, Edson e eu, que éramos diretores da APATEDEP, juntamente com Waldir Manfredini, discutimos a possibilidade de realizar algo nesse sentido. Depois de formularmos a idéia, começamos a desenvolvê-la. Uma Assembléia Geral foi realizada com a classe teatral no objetivo de discutirmos as normas.
Partindo desse Regulamento, definiu-se quais eram os procedimentos a serem tomados no sentido de que o prêmio fosse instituído: convite às pessoas para a comissão julgadora; acompanhamento dos espetáculos que se apresentavam no ano e outros tantos. O prêmio em questão foi muito bem recebido.


Calvin: Como era o cenário teatral à época?
Yara Sarmento – Era significativo. À época ocorreu importante movimento no Teatro paranaense. O Teatro Guaíra, por exemplo, oferecia apoio às produções independentes através de editais.


Calvin: Quais foram os passos mais importantes do Troféu Gralha Azul após esse primeiro embalo?
Yara Sarmento – A APATEDEP foi a promotora desse Troféu até 1978. Depois disso, dificuldades financeiras de toda ordem, inclusive para a confecção das estatuetas – que foi desenhada, graciosamente, pelo artista plástico Ivens Fontoura, a pedido do ator Sansores França – impediram a continuação do prêmio. Então, houve um interregno de 78 a 83 na realização do evento. Durante esses anos, tentou-se a retomada do Troféu inclusive junto ao Museu da Imagem e do Som, dirigido por Marcelo Marchioro. Houve interesse em institucionalizar-se o prêmio, mas também, por falta de recursos financeiros não foi possível. Quando Oraci Gemba assumiu a Superitendência da então Fundação Teatro Guaíra, a classe fez nova reivindicação no sentido de que a instituição assumisse a realização do Troféu. A partir de 1983 o Teatro passou a ser o promotor da premiação que é anual. Na mesma ocasião se instituiu o prêmio em dinheiro – Prêmio Governador do Estado – no propósito de dar-se mais tempero ao Troféu. Depois, retiramos do Troféu o título "Prêmio Governador do Estado", em razão de que não houve e não há maiores interesses pela premiação por parte dos dirigentes do Palácio Iguaçu/Das Araucárias.


Calvin: Como você vê a situação atual do Troféu?
Yara Sarmento – O Troféu, no meu modesto entender, se solidificou ainda que com todos os altos e baixos que teve e tem. O Regulamento é revisto todos os anos em reunião conjunta com os artistas, técnicos e produtores. Revemos as normas, verificamos o que não deu certo, o que deve ser mantido, e dessa forma, vamos aprimorando ano a ano as normativas do prêmio. Pelo número de espetáculos inscritos, concluímos que a classe teatral deseja a manutenção desta premiação.
O Troféu Gralha Azul foi criado por vontade da classe. Manter-se-á se houver interesse dos profissionais de Teatro pelo mesmo.
Retiramos do Troféu "Prêmio Governador do Estado" em razão de que não houve e não há melhor interesse pela premiação por parte dos dirigentes do Palácio Iguaçu/Das Araucárias.


Calvin: Como atriz premiada, como você vê a importância do Troféu Gralha Azul para os artistas paranaenses?
Yara Sarmento – O prêmio em tela objetiva reconhecimento e é um importante estímulo. O Troféu não só contempla os atores, mas também, os técnicos e os criadores, ou seja, figurinistas, cenógrafos, sonoplastas, iluminadores e outras funções de criação. Também, àqueles que contribuíram para o desenvolvimento e difusão do fazer teatral. É extremamente gratificante receber o prêmio porque a carreira do artista, em quase todas as áreas, não é fácil. É uma vida de muita luta e muita insegurança. No caso do Teatro, o Troféu valoriza os indicados e, em especial, os premiados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada, Yarinha, por este presente tão bonito, que vai fazer aflorar nostalgia em tanta gente, e por se dar a conhecer um pouquinho mais àqueles que, como eu, sempre olharam pra você imaginando qual seria a sua história "naqueles tempos", em que não tive o prazer de ter convivido contigo! Um grande abraço e Parabéns
Silvinha

Anônimo disse...

Esse foi um baita incentivo criado por gente de tanta importância prá cultura do estado, que entendiam o Teatro e queriam realmente homenagear os melhores. Uma pena esse troféu estar tão corrompido e favorecido para amigos e coleguinhas da 'comissão'. Hoje não se reconhecem mais esforços dos verdadeiros profissionais. Os melhores ficam esquecidos.