quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

VAMOS CONVERSAR?

Curitiba, fevereiro / 2011.



Gentes

Início de novo período político: novo governador; novos gestores
públicos; novas oportunidades de diálogo; ocasião pra repensarmos
procedimentos; momento pra – mais uma vez – apresentarmos propostas às
políticas públicas na área da Arte/ Cultura pro estado e, também, pro
município.

Prestemos atenção: alguns da nossa classe, por ignorância ou
“esperteza”, pretendem subdividir – nas leis de incentivo – as áreas
do segmento em questão. Exemplo: querem relacioná-las por raças ou
etnias.

Os ofícios do artístico-cultural não são diferente por ser o artista;
o técnico; o produtor; o agente cultural branco; negro; oriental;
natural da terra/“índio”; ucraniano; alemão; árabe; italiano, etc..

As manifestações criativas reportam-se ao Teatro; à Música/ao canto;
às funções circenses; à Literatura; à Dança; às Artes Visuais,
incluindo o Artesanato; ao Audiovisual. O Folclore; as Manifestações
Populares são expressas por meio de um ou mais desses fazeres
artísticos.

No Brasil, infelizmente, os recursos orçamentários do governo
destinados à Cultura, são reduzidos. Muitos dos governantes, não têm o
entendimento de que – paralelamente – à Educação, a Arte/Cultura
contribui decisivamente pro desenvolvimento pleno da sociedade, como
ocorreu e ocorre nos países de 1o mundo.

O artístico-cultural continua sendo mola mestra pra, pelo menos,
“aliviar” a indigência intelectual na qual – pobres de nós! – ainda
vivemos.

Assim, quanto mais forem fragmentadas as áreas culturais, maiores
confusões se estabelecem. Menores serão os recursos pra cada uma
delas. Mais “encolhidos” serão nossos projetos. Maiores, também,
poderão ser os riscos de ficarmos em condições, que nos condenam à
mediocridade.

Prestemos atenção: umas e outros, sem nenhum respeito pelo dinheiro
pago pelos contribuintes em impostos, querem retirar das leis de
incentivo a – imprescindível – análise de mérito, quanto aos projetos
inscritos à seleção.

Muitos de nós sabemos; alguns não lembram; umas e outros fazem questão
de ignorar que a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, na época do
prefeito Cássio Taniguchi, esteve no “bico do corvo” em razão das
“espertezas”; dos “laranjais”; da falta de ética de alguns dos nossos.
Em particular, dos de Teatro, a área dominante em número de propostas
encaminhadas com vistas aos benefícios da legislação.

Por causa dos “espertos”, quase perdemos a Lei que abrange todas as
áreas culturais e, que contempla a todos. Como tantas outras
conquistas, as tratativas sobre a citada Lei custaram infinitas horas
de trabalho e, de muito “chumbo grosso” aos que se dedicaram e se
dedicam à militância sindical ou associativa pela Arte/Cultura.

O propósito de alguns prosseguirem nessa luta, tem como base o
respeito aos que são éticos; talentosos; competentes e, por isso
mesmo, merecem integral apoio.

Prestemos atenção: bonitinhas e bonitinhos da nossa classe e alguns
dos “oficiais” da Fundação Cultural de Curitiba – FCC, sugerem retirar
da Lei o Mecenato Subsidiado, ficando somente o Fundo Municipal de
Cultura.

No reestudo da aludida legislação – que se arrasta há tempo mas que,
espero, aconteça desde logo na gestão Maria Christina de Andrade
Vieira – vamos tratar de corrigir os equívocos; vamos retirar o que
não deu certo; vamos pensar dispositivos que atendam aos legítimos
interesses da classe; da população e da FCC.

No Fundo Municipal, temos problemas maiores que os enfrentados no
Mecenato. Os editais do Fundo são “mixos” e, na maioria das vezes, com
temas dirigidos. Os parcos recursos financeiros disponibilizados a
esse mecanismo da Lei, são utilizados também pela própria Fundação
Cultural.

O órgão não dispõe de orçamento suficiente pra sustentar toda a
programação desejada pela diretoria; pelo prefeito ou por vereadores.
Dessa forma, lançam mão da “grana” do Fundo, numa concorrência desleal
com os proponentes de projetos.

No âmbito estadual – após 8 anos de “terra arrasada” pelo governo
Roberto Requião / Orlando Pessuti, estamos começando do zero. A
Secretaria de Estado da Cultura, não conta com lei de incentivo; com
fundo à Cultura; com Conselho; com recursos orçamentários decentes. No
primeiro ano de gestão de Paulino Viapiana, atual titular da Pasta,
pra que possa fazer o trabalho que se exige do referido órgão, o
próprio terá que se multiplicar em 12.

O Conselho Estadual de Cultura, cujo anteprojeto tramita –
morosamente, como todos os outros - na Assembléia Legislativa, se não
ostentar caráter deliberativo; se não for paritário, será meramente
uma encenação a exemplo do colegiado municipal.

A FCC, nos últimos anos – espero que nesta gestão seja diferente –
apresentou aos conselheiros, “pratos feitos”. Nós, da militância,
sapateamos e tocamos castanholas “pro bispo”. Nós, os babacas, tomamos
mil cafezinhos e abanamos o rabo pros “Tonantes” da hora.

Por favor, de uma vez por todas, vamos nos dar ao respeito!!!

Alguns dos burocratas da FCC, subservientes ao “chefe” e arrogantes
com os usuários dos serviços do órgão, usaram e abusaram de
procedimentos normativos internos – no que diz respeito à Lei de
Incentivo – num flagrante descaso aos artistas; produtores e agentes
culturais, os quais são a razão da existência da instituição e,
consequentemente, de seus empregos e salários.

Como a palavra de ordem é “a contrapartida social”, os “oficiais”
acham bacana confundir as pedras no tabuleiro. Trabalho e renda é pros
profissionais. São eles – pela continuidade no exercício dos ofícios –
que fazem o movimento artístico-cultural de uma cidade; de um estado;
de um país.
Os amadores – merecem apoio às suas atividades – como a palavra
indica, são diletantes.

Sem qualquer dúvida, são fundamentais as ações desenvolvidas no
propósito do “social”, ou seja, de oportunizar in loco ao “povão”
iniciação ou aprendizado nas diversas artes. Inclusive, tais ações dão
ensejo à descoberta de talentos. Esse trabalho deve ser realizado com
muito empenho, mas cabe a outro “departamento”.

É obrigação constitucional do governo e, desejo de muitos artistas e
produtores, facilitar; estimular o acesso do grande público às obras
artísticas. É sumamente importante levar as artes à “periferia”.
Entretanto, pra concretização da “contrapartida social” é
indispensável que em respeito à população e aos executores de projeto,
que haja a disponibilização de infraestrutura adequada – o que não
ocorre – de modo que o objetivo dessa locomoção seja plenamente
alcançado.

Trazer o grande público, ou seja, “ o povão” ao “centro” é dar-lhe
condições pra vivenciar os espaços – como acontece com os que podem
comprar ingressos – pra apreciar as obras na sua concepção artística
original, com os equipamentos e “rituais” próprios de cada uma das
criações/produções.

Acredito que o acompanhamento de especialistas nas artes, junto ao
grande público, com explicações; apontamentos; esclarecimentos e bate
papos, é a verdadeira “ação social”. Essa é a forma de mostrar ao
“povão” a importância do que o artista deseja dizer com o que criou.
Proporcionar o entendimento e a sensibilização quanto a obra artística
pode ser a chave pra nos tirar – reitero – da indigência intelectual
onde ainda estamos.

O Ministério de Estado da Cultura – MINC, distribui pelo país milhões
de reais pra que seja feito “o social”. Acima dos outros artistas e
produtores, também dispostos a participar, seriamente, dos projetos
direcionados ao “povão”, o governo petista escolhe pra esse trabalho,
“companheiros”. Contempla os chupadores de dedão do pé de quem está no
poder.

Umas e outros, utilizam a “grana” do contribuinte pra dedicar-se à
política partidária. Alguns, descarados, aproveitam a “grana” dos
cofres públicos pra fazer “o social” em favor dos seus próprios
umbigos republicanos.

Tenhamos ouvidos para escutar. Olhos pra enxergar. Cérebro pra pensar.
Boca pra falar.

Tenhamos peito/bolas pra, pelo menos, tentar abalar as estruturas da
sacanagem ambiente.

PEDIDO: se vocês concordam com o exposto, por favor, divulguem este texto.

Obrigada.

Yara

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